A Secretaria da Saúde do Rio demitiu 20 funcionários da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Cidade de Deus após a morte de um homem em uma cadeira enquanto aguardava atendimento na unidade de saúde na sexta-feira (13).
Um vídeo que mostra João Pedro Silva, 32, morto sentado em uma cadeira foi gravado por pacientes na sala de espera da unidade. Outro vídeo mostra João Pedro sendo levado em uma maca e os outros pacientes reclamando com a equipe. “Agora vocês estão com pressa, né? O homem chegou aqui gritando de dor (…) Todo mundo é culpado, ninguém atendeu”, diz um paciente.
Nascido em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, João Pedro morava no Rio desde 2012. Artesão, João Pedro vendia brincos, colares e pulseiras feitos por ele na praia durante o dia e à noite trabalhava de garçom em um restaurante na Barra da Tijuca.
Familiares se manifestam
Seu pai, João Adão da Silva, relatou, durante o velório, que o filho chegou com muitas dores no local. “Ele chegou lá gritando de dor, pedindo atendimento e ninguém atendeu. Foi ficando lá sentado. Até que ele morreu com o pescoço tombado. Quem descobriu foi o pessoal que estava esperando atendimento também. Difícil, difícil demais. Pelas imagens, está claro. Se houver uma investigação e for constatado, eles têm que ser punidos”, ressaltou.
Maria Luiza Silva, irmã da vítima, lamentou a morte de João Pedro. “Ele não merecia morrer daquele jeito, sentado. Ninguém merece morrer que nem bicho, daquela forma. É desumano uma pessoa ficar sentada ali sem atendimento, sem acolhimento”, desabafou.
Críticos culpam Lula
Nas redes sociais, apoiadores de Jair Bolsonaro tentaram se aproveitar politicamente do episódio para responsabilizar o governo Lula. A colunista do UOL, Andreza Matais, chegou a afirmar que o presidente deveria ter se solidarizado publicamente com o caso.
“Acho que nesse momento em que o país está, o presidente tá saindo do hospital, seria natural a gente cobrar que todo mundo tivesse um atendimento ‘à la’ Sírio-Libanês, que todo brasileiro tivesse também esse tipo de tratamento”, disse.
“O Ministério da Saúde tem dinheiro para isso. O orçamento do Ministério esse ano foi de R$ 43 bilhões e a gente ainda está assistindo a cenas lamentáveis como essa. O presidente perdeu uma bela oportunidade de lamentar essa triste ocorrência no país”, acrescentou.
“O Ministério da Saúde está todo entregue para uma ala política do PT. A ministra Nisia é da área de saúde, mas só está ali sentada na cadeira, a gente não vê gestão do Ministério. Então é inadmissível o que ocorreu no país nessa semana e o país precisa discutir isso muito seriamente. Que todo mundo tenha também um tratamento do Sírio-Libanês para que todo mundo tenha saúde, educação e que os nossos dinheiros, os nossos impostos, sejam corretamente aplicados”, finalizou.
A fala recebeu diversas críticas nas redes. “O presidente do país, acabado de sair de uma cirurgia, de um quadro grave, tem de lembrar de lamentar uma morte?”, questionou um. “Para isso tem municípios e Estados, para fazer a saúde funcionar em seus equipamentos. Ao governo federal cabe acompanhar o desenvolvimento e financiamento. Não há como intervir, senhora”, observou outro.
“Não lembro no tempo do Bolsonaro essa senhora vir fazer críticas tão ácidas, e olha que não foi um que morreu foram 700 mil”, disse mais um. O cara acabou de sair de um procedimento na cabeça! Bolsonaro dava risada e andava de jetski enquanto milhares morriam por negligência dele. É uma diferença gritante”, afirmou outro.
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