A trama golpista tecida no fim do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçou as instituições democráticas e reverberou na classe política, mas foi pouco conhecida pela maior parte da população.

É o que mostra uma pesquisa do instituto Ipec sobre o tema, divulgada no domingo 15. Segundo os dados do levantamento, 65% dos brasileiros disseram estar pouco ou nada informados sobre o relatório da Polícia Federal que apontou a ligação direta entre o ex-presidente e integrantes da cúpula militar com o plano golpista.

A parcela dos que disseram estar muito informados sobre o andamento da investigação da PF é tímida: 13%. Já os que afirmaram estar informados totalizaram 19%. Sobre a mesma questão, 3% não souberam ou não responderam.

A empreitada golpista, que envolvia um plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, levou à prisão o general Walter Braga Netto.

Bolsonaro nega qualquer envolvimento no enredo que buscava impedir a posse de Lula, mas o caso deve marcar a pauta política do ano que vem. Os documentos da investigação estão sob posse da Procuradoria-Geral da República, que decidirá se oferece ou não uma denúncia.

A população, independentemente do nível de conhecimento sobre o caso, se divide nas opiniões sobre o papel de Bolsonaro na conspiração. Para 43% dos entrevistados do Ipec, o ex-capitão participou do planejamento golpista. Por outro lado, 42% acreditam que ele não fez parte da elaboração, mas é “perseguido politicamente”.

Seja como for, os brasileiros tendem a acreditar que os envolvidos na tentativa de ruptura da democracia “deveriam ser julgados e punidos conforme a lei”. Essa foi a resposta de 80% dos entrevistados pelo Ipec. O índice é especialmente alto entre jovens, chegando a 85% entre aqueles que têm entre 16 e 24 anos.

Esse eventual julgamento caberá ao STF, mas a população parece não confiar nas decisões vindas dos ministros. Conforme o Ipec, apenas 20% dos entrevistados confiam no que é decidido pelo tribunal, “porque acredita que juízes do STF são isentos e não favorecem os políticos”.

Por outro lado, a maioria (66%) não confia nessas decisões “porque acredita que os juízes do STF não são isentos e podem favorecer alguns políticos”. O número é particularmente alto entre aqueles que disseram ter votado em Bolsonaro na última eleição presidencial: 85%.

A pesquisa Ipec ouviu 2.000 pessoas em 131 cidades do País. Realizado entre 5 e 10 de dezembro, o levantamento tem margem de erro de 2 pontos percentuais.

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Last Update: 16/12/2024