O juiz Luís Carlos Vieira, auxiliar no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, manteve a prisão preventiva do general Carlos Eduardo Silva na tarde de sábado (14), após audiência de custódia realizada por videoconferência. 

No entanto, durante a audiência de custódia, o general optou pelo silêncio. Já a defesa garantiu que vai provar que o ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL) não tentou obstruir as investigações. 

Suspeito de liderar as ações golpistas para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre novembro e dezembro de 2022, Silva é o primeiro general quatro estrelas preso no país. Ele está detido no Comando da 1ª Divisão de Exército, que integra o Comando Militar do Leste (CML), no Rio de Janeiro.

Entenda o caso

Silva é investigado pela Polícia Federal, que atuou para “obter informações sobre a delação premiada de Mauro Cid e na obtenção e entrega de recursos financeiros para execução de monitoramento de alvos e planejamento de sequestros e, possivelmente, homicídios de autoridades”.

Para chegar a tal conclusão, a PF recuperou conversas no WhatsApp após perícia no celular de Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A conversa foi apagada em 8 de agosto de 2023, três dias antes da operação “Lucas 12:2”, que investiga a venda ilegal de joias árabes recebidas pelo ex-presidente, mas que pertenceriam ao Estado brasileiro.

O contato constante com Lourena Cid seria uma forma não só de obter os dados informados por Mauro Cid no acordo de delação premiada, mas também controlar as informações que eram fornecidas, além de alinhar as versões entre os investigados. 

Em depoimento, Lourena Cid confirmou que o general tentou obter dados sigilosos da delação, pelos quais receberia dinheiro em uma sacola de vinho, “que serviria para o financiamento das despesas necessárias à realização” do plano de golpe”. 

Depois de analisar as informações da PF, Alexandre de Moraes apontou que as investigações “revelaram a gravíssima participação de Carlos Eduardo Silva nos fatos investigados, em verdadeiro papel de liderança, organização e financiamento, além de demostrar relevantes indícios de que o representado atuou, reiteradamente, para embaraçar as investigações”.

Os investigadores apontaram ainda “fortes e robustos elementos de prova” da participação ativa do general na tentativa de pressão aos comandantes das Forças Armadas para aderirem à tentativa de golpe. 

Sacola de vinho

Recaem sobre o general da reserva outras acusações, em que ele teria financiado a atuação dos kids pretos também entregando o dinheiro “obtido junto ao pessoal do agronegócio” em sacolas de vinho. 

A investigação aponta que o destinatário do dinheiro foi o major Rafael Martins de Oliveira, preso na Operação Contragolpe. 

No relatório de 884 páginas da Operação Contragolpe, Silva é citado 98 vezes. Além de chefiar, com o também general Augusto Heleno, o plano para impedir a posse de Lula, Silva articulou ainda estratégias para conquistar o apoio nacional e internacional ao golpe. 

General da reserva, Silva foi candidato à vice-presidente em 2022 na chapa com Jair Bolsonaro. Antes, foi ministro-chefe da Casa Civil, de 2020 a 2021, e ministro da Defesa, de 2021 a 2022. No indiciamento, a Polícia Federal apurou que uma das reuniões realizadas para tratar de suposto plano golpista teria sido realizada na casa do militar em novembro de 2022.

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Last Update: 15/12/2024