O coronel Flávio Botelho Peregrino, ex-assessor de Braga Netto e alvo de busca e apreensão da PF. Foto: reprodução

Neste fim de semana, a Polícia Federal prendeu o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e executou dois mandados de busca e apreensão na continuidade do inquérito que investiga a trama de golpe de Estado. Um dos endereços é do coronel Flávio Botelho Peregrino, ex-assessor de Braga Netto, também indiciado pelo plano para manter Jair Bolsonaro (PL) como presidente do Brasil após a derrota eleitoral em 2022.

O nome de Flávio Peregrino não aparecia entre os 37 indiciados inicialmente pela PF, mas o inquérito aponta que ele participou da elaboração de um documento, denominado “Operação 142”, que faz referência ao artigo 142 da Constituição Federal, usado de forma equivocada pelos golpistas para justificar uma intervenção militar. No final do arquivo, havia a frase “Lula não sobe rampa”.

O documento detalha seis etapas para a concretização do golpe, com o objetivo final de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O plano incluía ações como anulação de atos do Supremo Tribunal Federal (STF), discursos em cadeia nacional, mobilização de tropas para ações diretas, e recrutamento de juristas e formadores de opinião para legitimar as medidas.

Segundo o relatório da PF, as etapas listadas por Peregrino englobavam desde a “avaliação da conjuntura” até o estabelecimento de um “estado final desejado político”, que culminaria na criação de um gabinete subordinado à Presidência, liderado pelos generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

O passo a passo da “Operação 142” encontrado pela PF. Foto: reprodução

O plano previa ainda o uso de recursos humanos e bélicos para instaurar o que chamaram de “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, formado pelos próprios envolvidos no golpe para gerenciar conflitos decorrentes das ações.

A PF destaca que Braga Netto e seu entorno tinham uma “clara intenção golpista” e buscavam subverter o Estado Democrático de Direito com base em uma interpretação distorcida do artigo 142 da Constituição. O documento, datado entre novembro e dezembro de 2022, teria sido redigido durante os preparativos para impedir a posse de Lula, sob a premissa de que as eleições de 2022 seriam invalidadas.

Além de Bolsonaro, o relatório da PF indiciou figuras de alto escalão como Braga Netto, que era chefe da Casa Civil na época; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); e Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

No total, 37 pessoas foram indiciadas, com acusações que incluem crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa.

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Last Update: 14/12/2024