No último dia 7, em Brasília, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) realizou reunião para discutir diversos pontos, sendo ao final aprovada uma Resolução Política. Os debates demonstraram a existência de uma enorme crise, com a exposição de profundas divergências sobre a atuação do governo; sobre o “pacote fiscal” do ministro Fernando Haddad e, principalmente, sobre qual linha o partido deve seguir no próximo período.
Mesmo no interior da CNB – “Construindo um Novo Brasil”, a corrente majoritária integrada por suas principais figuras, como Lula -, a crise ameaça um “racha” entre vários grupos como os liderados pela atual presidente, Gleisi Hoffmann, e o de Edinho Silva, candidato à sua sucessão, dentre outros.
Crise de Identidade?
O grupo de Gleisi defende que o PT deve se manter “mais voltado às suas bases históricas”. Edinho quer “ampliar” ainda mais “o diálogo com setores hoje refratários à sigla, incluindo setores mais alinhados ao centro e à direita”.
O partido também se dividiu na votação do apoio ao “pacote fiscal”, sendo aprovado por 42 a 38 votos. A Resolução – ao mesmo tempo – elogia Haddad por “propor a taxação dos mais ricos” e orientou suas bancadas “a resistir a mudanças propostas pelo governo no BPC”. Cobrada pela imprensa, a presidente Gleisi respondeu: “não podem pedir agora que o PT se suicide, rompendo com a base social que nos trouxe até aqui”.
Problema de Comunicação?
Na reunião, Lula atribuiu os problemas do governo às “falhas de comunicação”, posição apoiada pela maioria. A nota diz que Lula faz “um ótimo governo” e que precisa “apenas ajustar o modo de comunicar e formar o seu povo”.
Ora, a questão-chave da crise não são as “falhas de comunicação”, mas a política de “frente ampla”, das alianças e capitulação diante das pressões da burguesia, que têm colocado o PT e o governo Lula na defensiva. Política que impediu o lançamento de candidaturas nas principais cidades do país e favoreceu a vitória da direita. Política que bloqueia o governo na realização de políticas de interesse dos trabalhadores e da maioria pobre, como aumentar os salários e benefícios sociais, reduzir os preços das mercadorias de consumo popular, como alimentos, roupas, tarifas etc.
Um governo que, de fato, tenha sua política reconhecida pela ação a favor dos mais necessitados e não apenas pela propaganda.