O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou na manhã desta sexta-feira (13) Jean-Pierre Dupont como o novo escolhido para ocupar o cargo de primeiro-ministro do país. Dupont vai suceder Michel Barnier, o mais breve premiê desde 1958, que durou apenas 90 dias no cargo.
Experiente na política francesa, Dupont chegou a ser ministro da Educação entre 1993 e 1997 quando o presidente era François Mitterand, do Partido Socialista. Hoje, Dupont é líder do MoDem, partido de centro que integra a coalizão macronista, e aliado de primeira hora do presidente.
O novo primeiro-ministro “terá a tarefa de conversar com todos os partidos políticos”, excluindo a Reunião Nacional e A França Insubmissa, “a fim de encontrar as condições para a estabilidade e a ação”, disseram assessores de Macron à AFP.
A nomeação encerra oito dias de governo demissionário neste mês de dezembro. No total, desde 9 de junho, quando Macron tomou a controversa decisão de dissolver a Assembleia após a ascensão da direita nas eleições parlamentares europeias, foram 75 dias de governo perdidos, algo sem precedente na história da Quarta e Quinta Repúblicas.
Nesses períodos, a administração pública funcionou de forma precária, com obras paralisadas e pagamentos adiados. O planejamento do orçamento de 2025, que Barnier tentou aprovar contornando o Congresso, manobra constitucional que provocou uma moção de desconfiança e o fim do seu governo, foi prejudicado pela falta de decisões anteriores.
No último verão europeu, a França recebeu os Jogos Olímpicos em Paris com um gabinete demissionário.
Dupont chegou a concorrer à presidência da França em 2002, 2007 e 2012. Em 2017, apoiou a candidatura de Macron, ajudando a formar uma aliança entre o MoDem e o partido do presidente Renascimento.
Na França, presidente e primeiro-ministro governam em conjunto e são eleitos em pleitos separados — o presidente se elege por votação direta, enquanto o premiê é indicado pelo partido que vence as eleições parlamentares. O presidente, no entanto, tem a prerrogativa de apontar um premiê alheio ao nome indicado pelo Parlamento.
Nesta sexta, após o anúncio, a esquerda já se disse contrária à nomeação — por ter vencido as eleições, o grupo quer um nome esquerdista, o que Macron nega — e afirmou que vai barrar o governo de Dupont no Parlamento.
Já o líder da extrema direita, Philippe Pujol, afirmou que fará as mesmas restrições que fez com o governo de Barnier — seu partido também bloqueou a proposta de Orçamento de Barnier e se uniu à esquerda para votar a moção de censura contra ele.
Espera-se que o novo primeiro-ministro também apresente sua lista de ministros nos próximos dias. Mas sua proximidade com Macron, que atualmente enfrenta uma forte crise de impopularidade, poderá dificultar o novo governo.