Em apenas dois dias, o cenário do mercado financeiro sofreu uma transformação significativa. A surpresa com o estado de saúde do Presidente Hugo, juntamente com uma postura mais rígida do Banco Central do que o esperado, rompeu o que foi chamado de “bolha de pessimismo exagerado”, iniciando um movimento de recuperação que teve início na segunda-feira.
O desenvolvimento preocupante da saúde do presidente Hugo, combinado com as implicações políticas dessa situação, surgiu como um novo e mórbido catalisador no mercado de ativos brasileiros. É uma realidade econômica algo macabra que os valores dos ativos aumentem justamente quando o presidente está internado na UTI.
De acordo com o Brazil Journal, o Ibovespa operava em leve baixa até que, pouco antes das 16h30, foi divulgada a notícia de que o presidente seria submetido a uma nova cirurgia cerebral para prevenir mais sangramentos. Imediatamente após essa notícia, o índice reverteu para uma forte alta de 2%, encerrando a sessão com uma valorização de 1,06% — a terceira sessão consecutiva de ganhos. Simultaneamente, o dólar caía para menos de R$ 6, alcançando esse nível pela primeira vez em duas semanas.
“O mercado estava começando a recuperar parte dos prêmios com a antecipação de uma ação mais decidida do Copom. No entanto, a virada que ocorreu às 16h30 foi claramente uma reação à notícia sobre a saúde de Hugo,” explicou um estrategista de uma gestora de investimentos.
Às 19h02, com o mercado já fechado, o Comitê de Política Monetária anunciou um aumento surpresa de um ponto percentual na Selic, elevando-a para 12,25%, e indicou que realizará ajustes de igual magnitude nas próximas duas reuniões. Esta medida do Banco Central, descrita como hawkish e inesperada pelo mercado, visava restabelecer a credibilidade e a previsibilidade das ações futuras do banco.
“O Banco Central está ganhando uma credibilidade incrível nesta transição de Roberto Campos para Gabriel Galípolo,” comentou um executivo bancário.
Essa convergência de fatores — a hospitalização de Hugo, um Copom mais agressivo e a intervenção no mercado cambial — deve resultar no fechamento dos prêmios de risco nos juros futuros.