Na última reunião do ano, realizada nesta quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a taxa de juros de 11,25% para 12,25% ao ano, marcando uma elevação de 1 ponto percentual na taxa básica de juros.
Com essa medida, o Banco Central diz intensificar os esforços para conter a inflação. Essa decisão representa o maior aumento dos juros básicos durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e a maior elevação desde fevereiro de 2022, quando houve um incremento de 1,5 ponto percentual. A decisão foi unânime entre os nove diretores do BC.
Em comunicado, o Copom indicou que novos ajustes de 1 ponto percentual poderão ocorrer nas próximas reuniões, previstas para janeiro e março de 2025. “Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, caso o cenário esperado se confirme, ajustes de mesma magnitude nas próximas reuniões”, destacou o texto do Banco Central.
O documento reforçou que a intensidade do ciclo de alta de juros dependerá da evolução da inflação e do compromisso de alinhá-la à meta.
Contexto da decisão
O Copom atribuiu o aumento da taxa de juros ao cenário interno de inflação elevada, impulsionado pelo aquecimento da economia e pelo fortalecimento do mercado de trabalho, que ampliaram os riscos inflacionários. “Os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho continuam mostrando dinamismo, com destaque para o PIB do terceiro trimestre, que apontou uma maior redução do hiato do produto. A inflação cheia e as medidas subjacentes seguem acima da meta e têm mostrado elevação nas divulgações recentes”, afirmou o comitê.
O cenário externo também influenciou a decisão, especialmente devido às incertezas sobre a desaceleração da inflação nos Estados Unidos e à política monetária do Federal Reserve (Fed). “O ambiente externo permanece desafiador, particularmente em função da conjuntura econômica nos Estados Unidos, o que gera dúvidas sobre os ritmos de desaceleração, desinflação e as futuras decisões do Fed”, ressaltou o comunicado.
Transição de liderança no Banco Central
Essa foi a última reunião do Copom sob o comando de Roberto Campos Neto, que deixará a presidência do Banco Central em janeiro. O economista Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, assumirá o cargo em 2025. Indicado pelo presidente Lula e aprovado pelo Senado em outubro, Galípolo tem sido consultado em diversas ocasiões pelo governo sobre questões econômicas, como o pacote de ajuste fiscal em tramitação no Congresso.
Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro, enfrentou críticas do governo Lula e de aliados petistas ao longo de 2023 e 2024, devido à condução da política monetária. Apesar de uma tendência de redução da taxa de juros entre julho de 2023 e setembro de 2024, o aumento da taxa em dezembro representa uma mudança na trajetória.