No mais agressivo ataque à economia brasileira, a sabotagem do rentismo ao governo Lula ganhou novos contornos no anúncio feito pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nesta quarta-feira (10). O colegiado elevou em 1 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, passando de 11,25% ao patamar de 12,25%, o segundo encargo mais alto do mundo. A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), reagiu imediatamente à “irresponsável, insana e desastrosa” decisão do Copom.

“Não faz sentido nem seria eficaz para evitar alta da inflação, que não é de demanda. Nem para melhorar a situação fiscal, muito pelo contrário. Esse 1 ponto a mais vai custar cerca de R$ 50 bilhões na dívida pública. E não faz sentido para um país que precisa crescer e continuar gerando empregos”, condenou a presidenta do PT, por meio das redes sociais.

Gleisi apontou as falhas de avaliação do BC, que ignorou completamente “o esforço e sacrifício do governo em tomar medidas fiscais, que já estão no Congresso, para limitar o crescimento da despesa”. A deputada também lamentou o que chamou de “criminosa sabotagem à economia do país” por parte de Campos Neto. Essa aceleração na elevação do nível da Selic é o último ato do bolsonarista enquanto presidente do BC.

“Sufocou a economia e o crédito e não cuidou da especulação com o câmbio, que era sua obrigação combater. Já vai tarde, Campos Neto. Espero que seu terrorismo fiscal também seja suplantado daqui pra frente”, afirmou Gleisi.

“Ajustes na mesma magnitude”

Para marcar o golpe truculento contra a atividade econômica, o Copom abandonou o tom vago de comunicados anteriores para uma mensagem que pode ser entendida como o prenúncio do apocalipse: “Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, destaca trecho do comunicado divulgado logo após a decisão.

Isso porque a escalada da Selic foi atribuída a “cenários internos e externos mais desafiadores”, como a nova era Trump nos Estados Unidos e “riscos de alta” dos preços. A nota do Copom, no entanto, desconsidera que a inflação está muito próxima da meta estabelecida pelo BC, desacelerando a 0,39% em novembro, conforme apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça (9). Ou seja, longe do descontrole de 12% dos tempos de Bolsonaro.

Amparado em termos como “desancoragem prolongada das expectativas” e “incertezas econômicas”, o Copom deixa a porta aberta a novos reajustes da Selic, a partir da primeira reunião da diretoria de 2025, marcada para 28 e 29 de janeiro. Ajustes que serão catastróficos para a cadeia produtiva brasileira, que vinha justamente se recuperando em função do recuo iniciado em agosto do ano passado e que resultou em uma redução de três pontos percentuais até meados deste ano.

Choque de juros

Na mesma linha da presidenta do PT, o líder do partido na Câmara, deputado federal Odair Cunha, falou em “um choque de juros contrário aos interesses nacionais” por parte do BC. “Num último ato de sabotagem contra o país antes de deixar a presidência do BC, Campos Neto deixa claro, mais uma vez, que atua contra o Brasil e contra o povo brasileiro”, constatou, pelo X.

”Trata-se de um choque de juros contrários aos interesses nacionais, num momento em que a inflação está sob controle, a economia cresce e temos a menor taxa de emprego da história”, acrescentou Cunha.

O deputado Rogério Correia (PT-MG), por sua vez, questionou a credibilidade da autarquia federal. “Enquanto o governo se esforça para atingir as metas fiscais, o BC eleva mais uma vez a maior taxa de juros do planeta para tentar “conter” a inflação. Com que credibilidade? A mesma de quem vê passivo o aumento do câmbio?”, indagou.

Em outra postagem, Correia falou abertamente em um “esculacho”: “Não tem outro nome: isso é SABOTAGEM”.

Escândalo

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), que assumirá a liderança do PT na Câmara em 2025, classificou como “escândalo” o novo patamar dos juros no país. Em vídeo nas redes sociais, ele lembrou que o país torrou R$ 869 bilhões com pagamento de juros da dívida em 12 meses. “Estamos caminhando para gastar R$ 1 trilhão em juros”, denunciou.

“Isso para não falar no outro efeito, que isso trava a economia, que prejudica novos investimentos, o pequeno empreendedor, o empresário, o trabalhador”, elencou. “Na verdade, isso é um conluio.”

O deputado defendeu uma “investigação séria” sobre a relação entre a política monetária “e as operações financeiras”. Ele lembrou que denunciou Campos Neto. “Eu provei que ele tinha empresas, fundos, que ganhavam quando a Selic aumentava”.

Mais cedo, em entrevista à CNN, o deputado voltou a apontar a sabotagem de Campos Neto também com a política cambial, ressaltando que o bolsonarista fez intervenções no câmbio para segurar o dólar 127 vezes. E apenas duas vezes no governo Lula.

Decisão absurda

“O novo aumento da Selic é uma decisão absurda que só se explica pela disposição infinita de Roberto Campos Neto para sabotar o governo Lula e favorecer tanto os seus amigos do mercado financeiro quanto seus aliados políticos da extrema direita bolsonarista”, destacou o deputado federal Alencar Santana (PT-SP).

“NUNCA ANTES na história desse país alguém sabotou tanto a economia brasileira quanto este senhor”, observou Alencar.

Da Redação

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Last Update: 11/12/2024