A Justiça Eleitoral de Goiás condenou o governador do estado, Ronaldo Caiado (União), à inelegibilidade por oito anos devido a abuso de poder político nas eleições municipais de 2024. A mesma decisão cassou o registro do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União), apoiado por Caiado. A sentença foi proferida pela juíza Maria Umbelina Zorzetti, do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), na noite da última terça-feira (10). Cabe recurso da decisão.

Fatos contra Caiado

A condenação atende a uma ação movida pela coligação de Fred Rodrigues (PL), candidato derrotado por Mabel no segundo turno das eleições municipais. Segundo a decisão, o governador Ronaldo Caiado teria utilizado o Palácio das Esmeraldas, sede e residência oficial do governo estadual, para realizar dois jantares de apoio a Mabel nos dias 7 e 9 de outubro, durante o início do segundo turno. Os eventos teriam contado com a presença de vereadores eleitos e outras lideranças políticas.

De acordo com a juíza Maria Umbelina Zorzetti, “o bem imóvel utilizado pelo investigado Ronaldo Caiado para a realização dos eventos constitui bem público de uso especial, nos termos do artigo 99, inciso II, do Código Civil Brasileiro”. A sentença também aponta que os eventos foram custeados com recursos públicos, incluindo serviços prestados por funcionários do Palácio das Esmeraldas, e envolviam oferta de alimentos, bebidas e decoração.

Efeitos e recursos

A decisão não afeta diretamente o mandato de Caiado como governador de Goiás, mas o torna inelegível até 2032, o que pode comprometer suas aspirações à Presidência da República em 2026. Já o prefeito eleito Sandro Mabel e sua vice, Coronel Cláudia (Avante), podem ser diplomados no próximo dia 19 e tomar posse em 1º de janeiro, caso os recursos não sejam julgados até lá.

Caiado e a chapa eleita em Goiânia podem recorrer da sentença no próprio TRE-GO, em segunda instância, e posteriormente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Outro lado

A defesa de Ronaldo Caiado classificou a decisão como incorreta. Em nota, os advogados do governador afirmaram que os jantares no Palácio das Esmeraldas foram “reuniões de trabalho” destinadas a homenagear vereadores eleitos e que não houve caráter eleitoral. Segundo eles, todas as atividades de campanha ocorreram fora do prédio público.

Já a defesa de Sandro Mabel declarou que recebeu a decisão com surpresa e afirmou que “não houve qualquer irregularidade na conduta apontada”. Segundo os advogados do prefeito eleito, os eventos foram “reuniões políticas realizadas na residência do governador”, sem violação das normas eleitorais.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 11/12/2024