O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o inquérito das Fake News promete um “mar agitado ao longo de boa parte do próximo ano” em desdobramentos e denúncias. A fala foi feita durante um balanço do ministro com jornalistas sobre o ano judiciário.
“Com a perspectiva de que as denúncias se transformem em ações penais, vamos ter um mar ainda agitado ao longo de boa parte do próximo ano”, disse Barroso, sobre o que esperar das investigações que tiveram início em 2019.
A jornalistas, o ministro admitiu que o inquérito das Fake News “salvou” a “democracia no Brasil” e que “estávamos indo para um abismo”.
“O inquérito, com todas as singularidades que, reconheço, ocorreram, foi decisivo para salvar a democracia no Brasil. Nós estávamos indo para um abismo”, disse. “Foi atípico, mas olhando em perspectiva, foi necessário e acho que foi indispensável para nós enfrentarmos o extremismo no Brasil. O inquérito está demorando porque os fatos se multiplicaram no decorrer do tempo”, continuou.
Dentro do próprio STF, o ministro disse que havia uma expectativa que as apurações se desdobrassem em denúncias e aberturas de processos ainda neste ano, o que não ocorreu.
“Até o fim deste ano, todo o material estaria com o PGR [Procurador-Geral da República]. De fato, está com o PGR. Mas, mesmo que ele faça alguns arquivamentos ou denúncias no início, ainda terá água para passar embaixo dessa ponte. Vamos ter ainda um ano lidando não com o inquérito, mas com as ações deles”, afirmou.
Quando foi aberto, em 2019, o inquérito investigou as ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), feitas diretamente por aliados e apoiadores de Jair Bolsonaro e incitadas pelo ex-presidente, no chamado “gabinete do ódio” criado pelo então mandatário.
O avanço das apurações, contudo, conectaram o caso a outras investigações, como a invasão ao STF e à Praça dos Três Poderes de 8 de janeiro de 2023 e, mais recentemente tornada pública, à tentativa de golpe de Estado do ex-presidente com militares e membros do governo, em 2022.