O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou por uma cirurgia de emergência nesta segunda-feira (9) para a drenagem de um hematoma intracraniano. A lesão identificada foi decorrente de uma queda sofrida em outubro, quando Lula bateu a região da nuca em um acidente doméstico no banheiro da residência oficial. Na ocasião, ele precisou levar cinco pontos.
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Segundo o neurocirurgião Dr. Victor Hugo Espíndola, o presidente apresentou um hematoma subdural crônico, condição comum em idosos que geralmente ocorre entre 20 e 45 dias após um trauma. O especialista explicou: “Esse tipo de hematoma não ocorre dentro do cérebro, mas sim entre o cérebro e uma membrana chamada duramáter. É um sangramento lento e progressivo que, no início, não causa sintomas aparentes. O paciente vai se adaptando até que o volume acumulado comece a pressionar o cérebro, causando sinais como dores de cabeça, perda de força de um lado do corpo, alterações na fala e sonolência. Em casos graves, pode levar até mesmo ao coma.”
Para tratar o caso de Lula, foi realizada uma craniotomia minimamente invasiva, procedimento que, de acordo com Orlando Maia, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia e da World Federation Neuroradiology. “O tratamento é feito com uma drenagem, através de pequenos orifícios no crânio, de forma cirúrgica, para retirar o coágulo e tirar o sangue acumulado, aliviando a pressão nos tecidos”.
O Dr. Victor Hugo complementa: “Após a drenagem, um dreno é inserido temporariamente, permanecendo por 24 a 48 horas para garantir a remoção completa do líquido”.
O médico ressaltou que se trata de uma cirurgia de baixo risco: “Normalmente, o paciente passa 24 a 48 horas em observação na UTI, seguido de um breve período no quarto, antes de receber alta hospitalar.”
O especialista também comentou sobre uma alternativa terapêutica chamada embolização, utilizada principalmente em pacientes que utilizam anticoagulantes ou apresentam recorrência do hematoma após a cirurgia. Ele explicou que “esse procedimento consiste em fechar a artéria responsável pelo sangramento por meio de uma substância especial.” No entanto, para o caso do presidente, a drenagem cirúrgica foi considerada a melhor abordagem.
O médico enfatiza que o prognóstico para esse tipo de procedimento é bastante favorável: “A recuperação costuma ser muito satisfatória, especialmente porque se trata de uma cirurgia de baixo risco. Com os cuidados pós-operatórios adequados e o acompanhamento com exames de imagem, é esperado que o presidente recupere plenamente sua saúde e retome suas atividades habituais em breve.”
Já o membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia, alerta que a principal complicação de um hematoma subdural é a recorrência, ou seja, podem ocorrer novos sangramentos. “Muitas vezes, lançamos mão de um procedimento endovascular, chamado neuro embolização de hematoma subdural crônico, que é uma injeção de uma espécie de cola, feita por meio de um acesso na virilha, para fechar esse hematoma e evitar as intercorrências”, acrescenta Orlando Maia.