Hemorragia intracraniana, a que Lula foi submetido esta madrugada, é uma condição médica grave que ocorre quando há sangramento dentro do crânio, podendo envolver o cérebro ou os espaços ao seu redor. Sua gravidade depende da localização, extensão do sangramento e da rapidez com que é relevante e tratado.
Para casos mais simples, como hematomas pequenos ou de evolução crônica (como hematomas subdurais crônicos), há procedimentos mais simples como drenagem guiada por imagem ou endoscopia. Foi a intervenção sofrida por José Dirceu há algum tempo, que não deixou sequelas.
Mas Lula sofreu hemorragia. Portanto, seu quadro é grave embora, em nenhum momento tenha perdido a consciência – segundo um Ministro que esteve com ele até seu translado para São Paulo -.
Nas próximas horas haverá um quadro mais claro sobre o quadro de saúde de Lula. Pode ser que se recupere rapidamente. Mas há riscos concretos de que fique afastado da presidência por um bom tempo, em período de reabilitação. E uma possibilidade – ainda não se sabe qual o nível de probabilidade – de ser obrigado a deixar a presidência.
Nesse caso, o cargo de presidência será ocupado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
Alckmin tem características históricas e outras adquiridas no exercício da vice-presidência de Lula mas, principalmente, no comando da NIB (Nova Indústria Brasileira). Tem o mérito de reaproximar Lula da classe industrial. A última visita de Lula e Alckmin à Confederação Nacional da Indústria (CNI) desmanchou décadas de desconfiança. Aliás, uma desconfiança fruto da má informação, já que historicamente Lula sempre foi a favor da atividade produtiva.
Com Alckmin à frente do governo, a NIB irá para o centro das políticas públicas – o que não é mau. Haverá também o jogo tradicional da mídia, de trocar a implicância irracional contra Lula pelo exercício de lisonja, buscando cooptar Alckmin. O mesmo ocorrerá com a classe empresarial, contaminada pela campanha dos jornalões – cujo inacreditável sonho de consumo é o presidente argentino Milei.
Apesar da experiência atual, no entanto, Alckmin é historicamente um tucano – ainda que ligado à melhor face do PSDB, o grupo de Mário Covas.
Haverá desafios enormes de manter a coesão da equipe. Alckmin tem a vantagem de um histórico de lealdade, aliás, até o limite da ingenuidade – como se depreende das facadas que recebeu de José Serra e João Dória Jr. Mas tem também suas pessoas de confiança, que o acompanharam ao longo de sua carreira.
Certamente manterá Fernando Haddad na Fazenda. E terá boas relações com o próximo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Terá a boa oportunidade de, a partir da NIB, montar o aguardado Plano de Metas que falta ao governo Lula. Seria a espinha dorsal do governo, que poderia ser tocada por Alckmin, ou, em caso de recuperação de Lula, pelo próprio presidente.
Seja qual for o resultado, haverá uma guerra interna na base do governo, até que se clareie o quadro de saúde de Lula.
Laudo
Ás 9 horas a equipe o Sirio Libanês deu uma coletiva com notícias tranquilizadoras sobre a recuperação de Lula.
Leia também: