O ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, deu entrevista ao Valor.
Sobre sua permanência no cargo, ele enfatiza que é uma pessoa em quem Lula “pode confiar para qualquer tarefa e qualquer função”, assegurando que “o trabalho da Secom continuará até que seja dada uma nova direção, a qual ainda não foi indicada”.
Ele também menciona que esteve com Lula na segunda-feira (9) e que, até o momento, não houve qualquer indicação de mudanças em seu papel.
Alguns trechos:
As mesmas preocupações [com a comunicacao] que o presidente tem são preocupações que eu tenho. Em relação ao governo, ao sucesso do governo. E também a necessidade de que a gente possa ter uma comunicação mais exitosa, mais efetiva. E isso envolve PT, governo, esquerda de uma forma geral, isso é um desafio que não está só no Brasil. Isso é um fenômeno hoje. Tem disputa de narrativa contra uma extrema-direita cada vez mais agressiva, cada vez mais violenta, cada vez mais presente nas redes. E de uma forma geral. Portanto, é um comum das mesmas preocupações que o presidente tem.
Eu sou uma pessoa das relações pessoais e da confiança pessoal do presidente. Uma pessoa com quem ele tem total liberdade. Com quem ele sabe que pode confiar. E que pode contar para qualquer tarefa, para qualquer função.
O trabalho da Secom permanece e vai permanecer. Até que tenha alguma outra orientação que até hoje não tem. Despachei com o presidente hoje, vou despachar com o presidente amanhã. E nós vamos construir juntos correções, mudanças que são necessárias. E ele vai decidir no momento oportuno o grau dessas mudanças e o grau desses ajustes que são necessários na comunicação e no governo de uma forma geral.
Eu conheço as opiniões do presidente sobre o tema da comunicação. E acho que ele tem toda a razão em ter as preocupações que ele tem. O presidente tem consciência do papel dele, da importância do nosso projeto para o Brasil, do significado do nosso projeto no mundo, da importância que esse projeto dê certo. E o papel da comunicação enquanto construção da narrativa daquilo que está sendo feito. Então eu acho que ele tem toda a necessidade de ter essa preocupação. Ele tem a responsabilidade de poder fazer aquilo que ele acha que é o mais adequado. E nós devemos, como parte desse time dele, estar pronto para qualquer tarefa, para qualquer função no momento em que ele designar aquilo que ele achar adequado.
O presidente faz uma avaliação sobre a comunicação que é mais ampla, onde ele estabelece funções que são do governo, mas ele também tem uma compreensão de que existem necessidades do PT e mais do que do PT. Porque a esquerda, de uma forma geral, construiu um sistema de comunicação, de narrativa, que permita uma disputa mais planificada.
A comunicação institucional não pode fazer comparativos, não pode fazer meme, não pode fazer referência ao governo anterior, nem sequer pode usar o nome dele, ou uma foto dele. Então essa comunicação mais de disputa mesmo, ela é uma comunicação importante, necessária, mas ela não é um desafio que vai ser suprido pela comunicação institucional.
Eu não acho que a comunicação falhou, eu não penso isso. Eu acho que talvez a gente precise melhorá-la diante da magnitude do desafio que nós temos pela frente. Mas eu acho que a comunicação do governo é uma comunicação que funciona bem, com teoria institucional, movimentando os limites que ela tem. Mas essa é uma questão que o presidente tem que avaliar. No argumento de fazer ajustes, eu estou absolutamente tranquilo e tocando meu trabalho aqui de forma normal, cotidiana.
Eu não sou uma pessoa de tarefa, né? Eu já cumpri muitas tarefas na minha trajetória. O presidente me convidou para assumir aqui. Em um determinado momento, o presidente me convidou para ir para lá, e eu cumpri o meu trabalho lá da melhor maneira possível. Quando eu retornei, já do eleitoral, nós estamos organizando tudo aqui, preparando as campanhas no final do ano, organizando toda a agenda aqui no final do ano, tranquilo.
Não acho que exista uma disputa. Acho que existem várias pessoas aqui que têm trajetória, que têm história, que estão construindo uma trajetória na comunicação com o nosso próprio presidente, que não começou com o governo. E essa é uma realidade que tem que ser respeitada. Para chegar aqui, achar que a comunicação do presidente iniciou no dia que o presidente virou a eleição. Eu não tenho nenhuma dificuldade de relação com ninguém. Consigo trabalhar muito bem com todos.
O presidente não tem nenhuma necessidade de compensação comigo. Ele não precisa ter nenhum tipo de melindre, caso ele tome uma decisão de mudar, para ter uma formalidade de eu pedir ou não sei o quê. Na hora que o presidente precisar dessa função e desse cargo, ele sabe que comigo não tem nenhum tipo de constrangimento. Eu sou um militante do nosso projeto, do nosso partido, e o presidente sabe disso.