A Polícia Federal deflagrou, nesta segunda-feira 9, mais uma fase da operação que mira um suposto esquema criminoso que envolve grilagem de terras, exploração ilegal de madeira e fraudes na geração de créditos de carbono na Amazônia.
Durante a ação, a PF prendeu dois servidores e afastou o diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, Juliano Valente. Outro quatro funcionários do órgão do governo do Amazonas responsável por fiscalização e licenciamento ambientais no estado também foram afastados.
Os agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão em endereços ligados à superintendente de Agricultura e Pecuária no Amazonas, Dionísia Soares Campos – filha do deputado estadual Sinésio Campos (PT-AM).
Por meio de nota, o governo do Amazonas disse não compactuar “com quaisquer práticas ilícitas de seus servidores e, dessa forma, os envolvidos na operação serão afastados e exonerados de seus cargos”. Afirmou ainda que acompanhará as investigações e está à disposição para auxiliar as autoridades no caso.
A batida policial desta segunda foi batizada de Operação Expurgare. Trata-se de um desdobramento da Operação Greenwashing, cuja investigação resultou em prisões e buscas e apreensões em junho deste ano. A atual fase está mais focada na investigação sobre esquema de “esquentamento” de madeira ilegal.
De acordo com as apuração, a organização criminosa contava com participação de servidores em cargos estratégicos e de direção do IPAM. “Esses servidores utilizavam suas posições para facilitar práticas ilegais, como a emissão de licenças ambientais fraudulentas, suspensão de multas e autorizações irregulares para desmatamento“, explicou a PF.
Entre 2016 e 2018, o grupo expandiu suas atividades ilícitas, reutilizando títulos de propriedade e inserindo dados falsos no Sistema de Gestão Fundiária, com a colaboração de servidores públicos e responsáveis técnicos.
Ao todo, o suposto esquema de grilagem, esquentamento de madeira e geração de créditos de carbono pode ter movimentado 1,6 bilhão de reais, segundo a PF, valor que deve ser bloqueado. A investigação é conduzida pela Superintendência da Polícia Federal em Rondônia.
Os envolvidos neste caso já haviam sido indiciados em 2019 durante a Operação Arquimedes, que investigou um esquema de pagamento de propina por madeireiras com atuação ilegal na região amazônica.