A doutora Lygia não sabe o que é polícia judiciária. Por Moisés Mendes

Lygia Maria, colunista da Folha, pensadora liberal admiradora da extrema direita – defensora das ideias de Monark, o grande liberal –, mestre em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP, escreve hoje sobre a violência da PM de Tarcísio de Freitas em São Paulo, mas desconhece informações básicas. Eis o que escreveu para amarrar o texto:

“Não é por meio de disputas político-partidárias rasteiras que se deve avaliar a ação da polícia judiciária, mas pelos riscos de seus abusos ao Estado democrático de Direito. Os setores libertários da direita e da esquerda – sim, eles existem – já aprenderam a lição: o punho estatal que cala é o mesmo que prende e que pode matar”.

Qualquer estagiário sabe, e uma doutora deveria saber ao escrever sobre o assunto, que a Polícia Militar tem função ostensiva, em nome da preservação da “ordem pública”. É a polícia que atira contra inocentes, atira gente de cima de ponte e baixa o cassetete em velhinhas em São Paulo. Essa PM não é polícia judiciária, doutora.

A polícia judiciária no Estados, qualquer estudante de jornalismo sabe, é a polícia civil. Está na Constituição. A Polícia Federal, que também faz investigações, claro, também é polícia judiciária quando investiga crimes que envolvam interesses da União ou de suas instituições. Os estagiários sabem.

A PM que me mata e comemora e espanca idosos em São Paulo não tem nada de polícia judiciária, nem lá nem em outros Estados. As PMs são, em síntese, polícias de rua, de patrulha, de presença ostensiva, de segurança e de repressão, não de investigação.

Quando encerra seu artigo tratando a PM como polícia judiciária, a doutora estraga tudo o que escreveu antes para, falando de bandidos fardados, atacar de novo o Supremo e as esquerdas, misturando-as aos desatinos da direita bolsonarista.

Estraga tudo pela combinação de excesso de ‘liberalismo’ combinado com arrogância e ignorância. O título do artigo da doutora, que defende os Monarks que defendem a liberdade de expressão dos nazistas, é esse: “Direita e esquerda erram sobre poder de polícia”.

E a doutora erra no elementar, no mais básico, no mais primário, sobre o que é atribuição das polícias. Tem no Google.

Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes.