O soldado da Polícia Militar Vinícius de Lima Britto, de 24 anos, foi preso preventivamente após ser flagrado por câmeras de segurança atirando pelas costas de Gabriel Renan da Silva Soares, de 26. A vítima, um homem negro, foi baleada 11 vezes no dia 3 de novembro, após furtar produtos de limpeza em um mercado na zona sul de São Paulo. A decisão foi proferida pela juíza Michelle Porto de Medeiros Cunha Carreiro, da 5ª Vara do Júri da Capital, que apontou “flagrante deturpação da finalidade da Polícia Militar” na conduta do agente.
O soldado, que atuava na corporação há apenas 10 meses, já estava envolvido em outros dois homicídios, ocorridos na Baixada Santista. Em 2022, Britto e o também policial militar David dos Santos Souza reagiram a um assalto e mataram Matheus Quintino e Davi Ferreira, que possuíam antecedentes criminais. Em ambos os casos, a reação policial resultou em múltiplos disparos, sendo que um dos suspeitos recebeu nove tiros.
O caso também chama atenção para declarações assustadoras de autoridades. O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PL), afirmou recentemente que um “bom policial” deve ter ao menos três homicídios no currículo, gerando críticas de especialistas e ativistas de direitos humanos.
📽️ Imagens mostram PM atirando 11 vezes em homem dentro de mercado pic.twitter.com/FammPEhiIQ
— Portal Diário (@PortalDirio1) December 3, 2024
Britto ingressou na Polícia Militar após ser aprovado em um segundo concurso, mesmo tendo sido reprovado no exame psicológico em 2021. Na ocasião, ele entrou com uma ação judicial para recorrer da decisão, mas o processo foi extinto. Apesar disso, conseguiu aprovação no novo certame em 2022.
A juíza que decretou a prisão preventiva destacou que a liberdade do réu poderia influenciar as investigações, prejudicando a coleta de provas e depoimentos. “Sua prisão é a garantia da ordem pública e mostra-se conveniente à instrução processual”, argumentou na decisão.
Filho do ex-jogador de futebol Cláudio Britto, de 48 anos, ídolo do União Barbarense, no interior de São Paulo, o soldado carrega um sobrenome conhecido no meio esportivo. O ex-atleta, que encerrou a carreira em 2018, também atuou em equipes como o Santo André, Atlético Sorocaba e Caldense.
A advogada Fátima Taddeo, que representa a família de Gabriel Renan, espera que Britto seja levado a júri popular e responsabilizado. “Que os jurados julguem o homicídio e não os atos da vítima, como costuma ocorrer nesses casos”, afirmou. Gabriel era sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, fundador do grupo Facção Central.
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