O ex-presidente Jair Bolsonaro e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central – Foto: Reprodução

Nos quatro anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o Banco Central realizou 113 vendas de dólar no mercado à vista, totalizando US$ 74 bilhões. Em contraste, na gestão Lula, houve apenas uma intervenção no mercado em setembro de 2024, com a venda de US$ 1,5 bilhão. O objetivo dessas operações é reduzir o preço do dólar ao aumentar a oferta da moeda americana.

A atuação no câmbio durante o governo do ex-capitão contribuiu para a queda das reservas internacionais, que passaram de US$ 374 bilhões em 2018 para US$ 324 bilhões em 2022. Atualmente, essas reservas somam US$ 360 bilhões. Essa estratégia foi explicada por economistas como uma resposta às condições econômicas daquele período, incluindo a pandemia e a queda dos juros.

Além das vendas à vista, a autarquia utiliza contratos de recompra e swaps cambiais como ferramentas para regular o mercado. Em novembro de 2024, o BC vendeu US$ 4 bilhões em contratos de recompra, enquanto, sob Lula, o saldo de recompras é positivo em US$ 9 bilhões, indicando maior compra do que venda de dólares. Sob Bolsonaro, o saldo foi negativo em US$ 750 milhões.

Os contratos de swap cambial também cresceram significativamente durante a gestão Bolsonaro, subindo 46%, enquanto na gestão Lula o aumento foi de apenas 2%. Essas operações ajudam a reduzir a pressão sobre o câmbio ao oferecer proteção a agentes com dívidas em dólar.

Economistas destacam que a alta intervenção durante o governo Bolsonaro foi motivada pela pandemia, instabilidade econômica e volatilidade cambial. Em 2019, a queda da taxa básica de juros (Selic) resultou na saída de recursos estrangeiros, pressionando o dólar. Durante a pandemia, em 2020 e 2021, o BC intensificou as intervenções para conter os impactos econômicos.

No governo Lula, o BC adotou uma postura mais cautelosa, mesmo com o dólar atingindo R$ 6. Essa estratégia reflete a visão do atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, que afirmou: “O Banco Central não vai segurar o câmbio no peito”. Ele destacou que o mercado cambial opera em regime de flutuação e que as intervenções devem ser técnicas.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Ricardo Stuckert/PR

A pressão sobre o BC para atuar no câmbio cresce, especialmente devido à percepção de risco fiscal do país. Contudo, economistas alertam que vendas de dólar podem aliviar momentaneamente a pressão, mas não resolvem problemas estruturais. “Atuar no câmbio não ataca as causas da alta, que estão relacionadas a fundamentos econômicos e fiscais”, explicou Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.

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Last Update: 06/12/2024