Poucas horas após a tentativa de autogolpe na Coreia do Sul, o Parlamento votou, nesta terça-feira (3), para bloquear o decreto de lei marcial anunciado pelo presidente Yoon Suk-yeol. A moção teve apoio unânime entre os presentes, com 190 votos favoráveis, embora o efeito jurídico dessa decisão ainda seja incerto. Pela legislação do país, o presidente deve respeitar a votação parlamentar, mas o decreto golpista já foi uma resposta a uma derrota do político de direita para o legislativo, formado por maioria de esquerda.
Anunciada em pronunciamento surpresa, a medida de Yoon restringe liberdades civis, proíbe atividades políticas e transfere funções governamentais às Forças Armadas, que já bloquearam o acesso ao Parlamento. O presidente justificou o ato como necessário para combater supostos aliados da Coreia do Norte dentro do território sul-coreano.
Assembleia da Coreia do Sul acaba de aprovar resolução para revogar a lei marcial decretada três horas atrás pelo presidente Yoon Suk Yeol, o Sérgio Moro da Coréia. pic.twitter.com/z0jnp1cczL
— GugaNoblat (@GugaNoblat) December 3, 2024
“Declaro lei marcial para erradicar as forças antiestatais pró-Coreia do Norte que ameaçam a liberdade e a felicidade do nosso povo”, disse Yoon, que governa com apoio do conservador Partido do Poder do Povo.
A oposição, majoritária no Parlamento, acusou Yoon de tentar consolidar um regime autoritário. Lee Jae-myung, líder oposicionista e rival de Yoon na eleição de 2022, classificou a medida como “um golpe disfarçado” e convocou protestos nacionais.
Críticas também vieram de aliados políticos. O ex-ministro da Justiça Han Dong-hoon se posicionou contra o decreto, prometendo usar vias legais para revertê-lo. Enquanto isso, manifestações começaram a se formar em frente ao Parlamento, onde soldados impedem o acesso de deputados e cidadãos.
보다가 너무 놀래서 영상 잘라놨엇음 •••
총구를 손으로 잡고 부끄럽지도 않냐 하시는데 내가 다 식은땀이 남 너무 대단하다 https://t.co/tLDmyXrqeY pic.twitter.com/D26upbT9jB— 시골쥐 (@qytyqy) December 3, 2024
Quem é Yoon Suk-yeol?
Eleito em 2022 por uma margem histórica estreita, Yoon é conhecido por seu passado como promotor rigoroso em casos de corrupção. Ele foi responsável por investigar escândalos envolvendo líderes políticos de todos os espectros, incluindo a ex-presidente Park Geun-hye e membros do governo de seu antecessor, Moon Jae-in.
No Brasil, por exemplo, ele é comparada ao ex-juiz Sérgio Moro, que atuou no enfrentamento, ou perseguição, a políticos por meio da Operação Lava-Jato.
Desde que assumiu a presidência, Yoon tem enfrentado uma oposição hostil e críticas crescentes. Sua popularidade caiu para 19% nas últimas pesquisas, segundo o instituto Gallup Korea, enquanto escândalos envolvendo sua esposa e aliados alimentam as tensões.
Yoon também é criticado por seu estilo de governo centralizador e por sua postura mais agressiva em relação à Coreia do Norte. Recentemente, ele afirmou que ataques preventivos podem ser necessários para conter as ameaças de mísseis hipersônicos do regime de Kim Jong-un.
O impasse político ocorre em um momento delicado para a Coreia do Sul, cuja economia enfrenta desafios significativos. A Bolsa de Seul sofreu quedas expressivas, e a moeda local, o won, perdeu valor diante do dólar.
Internacionalmente, a situação é monitorada de perto pelos Estados Unidos, aliados estratégicos de Seul. A Casa Branca expressou preocupação e reafirmou seu compromisso com a estabilidade da península coreana.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line