O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), atual vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, disse em entrevista que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não teve coragem de conversar com os manifestantes que estavam nas portas dos quartéis após sua derrota para o presidente Lula (PT) nas últimas eleições.
(…) Como ficou a relação do senhor com o ex-presidente Bolsonaro após as eleições de 2022 e 2024?
A minha relação com o presidente Bolsonaro sempre foi muito próxima, mas eu sempre fui um amigo crítico. Eu aponto os erros, eu faço alertas, assim como fiz ao sair do Alvorada após a nossa derrota nas urnas em 22.
Como foi esse encontro?
Encontrei o então presidente Bolsonaro muito abatido, e disse a ele: “presidente, nós temos que nos organizar como oposição agora”. Ele estava muito desnorteado pela derrota, estava muito desesperançoso.
Eu estava preocupado com os patriotas que estavam nas portas dos quartéis, aqueles brasileiros ali. E eu disse: “Presidente, o senhor podia dar uma palavra para eles, porque não vai ter nada. A gente perdeu a eleição”. Ele disse que não tinha coragem de falar com os manifestantes. Foi quando falei em entrevista dizendo “saiam da porta dos quartéis, vocês serão presos”.
Todos me xingaram e me chamaram de traidor. E aí está o resultado: todo mundo preso, e a anistia dificilmente será aprovada.
A minha relação sempre foi muito transparente, mas o fato de eu ter feito esses dois movimentos, nas eleições gerais e agora nas eleições municipais, me afasta tanto dele quanto do Eduardo [Bolsonaro]. Até porque é uma ala muito radical. Eu sigo a minha vida de cabeça erguida. Sou um político de direita, conservador, mas entendo que política se faz com diálogo e não com ódio. (…)