O presidente da Ucrânia, Sergei Zelenski, revelou em uma entrevista à Sky News, na última sexta-feira (29), a possibilidade de renunciar temporariamente a territórios ocupados pela Rússia em troca de um convite para aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Zelenski sugeriu que a adesão da Ucrânia à aliança militar ocidental poderia ser alcançada com base no território controlado por Kiev, excluindo as áreas atualmente disputadas e ocupadas pela Rússia. Em suas declarações, ele explicou que o convite à Ucrânia para integrar a Otan deveria ser feito com base no território internacionalmente reconhecido, sem incluir as regiões ocupadas por Moscou.
O presidente afirmou que, ao abrir mão temporariamente das áreas sob controle russo, a Ucrânia poderia obter segurança adicional por meio da adesão à aliança, com a promessa de recuperar as regiões perdidas por meios diplomáticos no futuro.
“É uma solução para interromper a fase quente da guerra, porque podemos simplesmente dar a adesão à Otan apenas para a parte da Ucrânia que está sob nosso controle”, disse Zelenski.
Essa proposta marca uma mudança significativa na postura da Ucrânia, que tradicionalmente não aceitava qualquer acordo envolvendo a perda de território. Atualmente, a Rússia controla cerca de 18% do território ucraniano, incluindo a península da Crimeia (anexada em 2014) e as regiões de Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporíjia, que continuam sendo alvo de disputas, com Moscou não dominando completamente essas áreas.
A proposta de Zelenski certamente não agradará ao presidente russo, Vladimir Putin, que insiste na retirada das forças ucranianas das regiões que a Rússia reivindica como anexadas, além de se opor firmemente à adesão da Ucrânia à Otan. A adesão da Ucrânia à aliança ocidental tem sido um dos principais objetivos de Moscou, que considera isso uma ameaça direta à sua esfera de influência.
No mesmo dia da entrevista, a agência Reuters reportou que o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sibiha, enviou uma carta aos aliados da Otan pedindo que a organização emita um convite à Ucrânia durante a reunião da aliança em Bruxelas, prevista para a próxima semana.
Na carta, a Ucrânia aceitaria a recusa de adesão até o fim da guerra, mas argumenta que um convite neste momento sinalizaria a derrota de Putin em um de seus principais objetivos: impedir a adesão da Ucrânia à Otan.
Esse movimento faz parte de um esforço mais amplo da Ucrânia para garantir a adesão à Otan, que é parte do “Plano da Vitória” apresentado por Zelenski em outubro de 2024. A carta enviada pela Ucrânia à Otan destaca que o convite não deve ser interpretado como uma escalada do conflito, mas como uma medida que enfraquece os argumentos russos para a continuidade da guerra.
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