Nem os amigos acreditam mais que o ex-presidente Jair Bolsonaro (foto/reprodução internet) sairá impune do relatório de quase 900 páginas da Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Embora inicialmente não acreditasse nessa possibilidade, até o presidente do PL, Valdemar Costa Neto mudou de postura e tem admitido, à boca miúda, que a prisão de Jair Bolsonaro é inevitável – além de não ver mais chances de o ex-presidente recuperar sua elegibilidade até 2026. Apesar de considerar a prisão certa, Costa Neto demonstra preocupação com a reação de Bolsonaro ao receber a ordem de prisão. Ele acredita que o desfecho deverá ocorrer em 2025, após a conclusão do julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre os eventos relacionados ao ataque às instituições democráticas.
Mudança de tom II
A defesa de Bolsonaro também tem mudado a narrativa sobre a tentativa de ruptura institucional em dezembro de 2022. Em entrevista à GloboNews, o advogado de Bolsonaro, Paulo Amador da Cunha Bueno, adotou a tese do “golpe do golpe” e afirmou que o ex-presidente não seria beneficiado pelo plano golpista, apontando os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno como supostos beneficiários. A tese se baseia em um documento elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes, que preveria também a derrubada de Bolsonaro e a criação de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise comandado por militares. O advogado conseguiu, com isso, provocar forte reação no meio militar, com aliados dos generais expressando descontentamento e classificando a alegação como traição – embora atribuam mais responsabilidade aos advogados do que ao ex-presidente. Braga Netto já se manifestou sobre a teoria, chamando-a de “fantasiosa e absurda”.