Por Leonardo Sakamoto, publicado em sua coluna no UOL
Uma imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB), circulou bastante pelas redes sociais nesta sexta-feira. Todos estavam em cerimônia para o anúncio de investimentos de R$ 10,6 bilhões em São Paulo para o trem até Campinas, o trecho norte do Rodoanel, a expansão da linha 2- Verde do metrô até a Penha e de ônibus elétricos.
Ela irritou bolsonaristas, que chamaram Tarcísio de traidor, mas também vem sendo usada como exemplo de civilidade e de marketing na política.
Primeiro, o que salta aos olhos. Azul é uma cor sóbria e institucional. Ela passa compromisso e seriedade. Ela tem sido usada por políticos, que a alternam com o preto, em tons mais vibrantes para transmitir modernidade e vigor – como foi o caso de Lula, Nunes e Tarcísio hoje. Na eleição municipal de São Paulo, foi a principal cor escolhida nos debates pelos candidatos.
No momento em que a foto foi tirada, Lula vira para os outros mandatários, dando foco ao trio composto por ele, presidente, pelo prefeito e pelo governador de SP, destacando-os dos outros três da foto, inclusive o seu vice Geraldo Alckmin. Isso fez com que a imagem reproduzida em boa parte da imprensa fosse apenas dos três, como na capa do UOL.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução.
E o que significa a imagem dos três juntos e ainda por cima com a mesma cor?
A composição transmite cordialidade entre pessoas que estão em campos opostos, mas aceitam trabalhar juntos por São Paulo, mostrando que a construção de consensos e uma convivência democrática pacífica são possíveis.
Para Lula, a imagem reforça a sua defesa de que a política é feita para que pessoas que não concordem possam trabalhar pelo bem comum e não se aniquilar mutuamente.
Para Tarcísio, reforça o seu esforço de se mostrar como uma alternativa da direita moderada, ou seja, que dialoga, e também ajuda em sua estratégia de alternar sinais ao bolsonarismo e ao campo democrático, o chamado “morde e assopra”.
E Nunes, que é do MDB, partido da base do governo, estabiliza a relação com o Palácio do Planalto após a vitória sobre o deputado Guilherme Boulos (PSOL), candidato do petista. E, ao mesmo tempo, dá aquela cutucada básica em Jair, que o abandonou várias vezes durante a eleição.
Aliás, o grande ausente lembrado nessa foto é Bolsonaro. Lula é detestado por ele, Nunes foi abandonado por ele e Tarcísio é feito gato e sapato por ele. Para os três, neste momento, o melhor é que ele esteja longe mesmo.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line