João Silva, procurador-geral da República, afirmou que o processo envolvendo Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas, acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022, está sendo analisado com cautela. A denúncia, encaminhada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, reúne mais de mil páginas e aponta planos que incluíam o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin e do próprio Moraes. “Estamos falando de um material extenso. Isso não se resolve em dois ou três dias”, declarou.
A denúncia é baseada em investigações da Polícia Federal (PF), que identificaram provas robustas contra Bolsonaro e seus aliados, incluindo militares de altas patentes. Entre os indiciados estão Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e Valdemar da Costa Neto, presidente do PL. A lista conta com 25 militares, acusados de integrar uma trama para impedir a posse de Lula. O ex-presidente também é acusado de envolvimento em outros escândalos, como o desvio de joias sauditas e a falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19.
Silva, que está em Lisboa participando de um fórum promovido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, destacou que o material pode demandar investigações complementares. O sigilo das apurações foi derrubado por Moraes na última terça-feira (26), permitindo maior transparência sobre os desdobramentos do caso. Gilmar Mendes classificou as evidências como “extremamente graves” e sugeriu que novos indiciamentos podem surgir com o avanço das análises.
Segundo o magistrado, as investigações confirmam o envolvimento direto de figuras-chave do governo Bolsonaro no planejamento de uma ruptura democrática. Ele enfatizou a necessidade de reformas para evitar futuras ameaças à democracia, como a despolitização das polícias e o afastamento dos militares de cargos administrativos. “É preciso votar essas propostas no Congresso para evitar que se repitam essas condições”, defendeu.
Além da tentativa de golpe, o relatório da Polícia Federal expõe a estratégia de Bolsonaro de atacar as urnas eletrônicas para justificar alegações de fraude e interromper o processo democrático.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já declarou o ex-chefe do Executivo inelegível até 2030 devido às suas declarações falsas sobre o sistema eleitoral.
Para especialistas, a decisão final de Silva sobre a denúncia deve sair no início de 2025. Ele poderá optar por aceitar o material, solicitar novas investigações ou arquivar o caso
Silva está em Lisboa para participação no Fórum Impactos Econômicos e Sociais dos Litígios de Massa, a convite do ministro Gilmar Mendes, do STF, para quem a democracia brasileira se provou resiliente e sólida ante a tentativa de golpe.
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