O principal jornal do imperialismo norte-americano, The New York Times, publicou, nesse dia 28 de novembro, um artigo assinado por quatro pessoas intitulado Hamas Faces a Future Without Its Most Important Ally (O Hamas enfrenta um futuro sem o seu aliado mais importante em português).
A ideia geral do texto é de que o Hamas estaria ficando cada vez mais isolado depois do acordo de cessar-fogo entre “Israel” e Hesbolá.
O fim dos combates, ao mesmo provisório, estaria “potencialmente removendo o aliado mais importante do Hamas da luta, segundo autoridades norte-americanas.”
Tal ideia só pode mesmo ser divulgada pelas autoridades dos EUA, que têm interesse em esconder a derrota na região. O acordo com o Hesbolá, diferentemente do que afirma o texto e da propaganda imperialista e sionista, foi uma necessidade imposta pela enorme crise que as forças israelenses enfrentam no sul do Líbano e o norte de “Israel”.
O Hesbolá impôs uma dura resistência na região, o que resultou em perdas militares para “Israel”, além de uma crise econômica e social sem precedentes. Calcula-se que 60 mil pessoas tenham sido obrigadas a se retirar de suas casa no norte de “Israel”, número que deve ser bem maior, já que o dado é fornecido pelos israelenses.
Essa situação se tornou insustentável para “Israel”. Esse é o real motivo do acordo.
O Hesbolá, grupo mais forte e organizado do Eixo de Resistência, entrou em guerra em apoio ao Hamas. O objetivo era justamente ocupar os israelenses em uma linha, enfraquecendo a capacidade de ataque contra Gaza.
Essa estratégia, longe de ter sido fracassada, foi muito bem sucedida. Com os incessantes ataques do Hesbolá, o governo de “Israel” foi obrigado a voltar suas atenções ao Líbano, intensificando bombardeios e operações em Beirute e na fronteira.
Essa intensificação das operações, apesar das baixas civis e do assassinato do principal líder do Hesbolá, Nasseralá, acabou por revelar a incapacidade de “Israel” impor uma derrota à resistência libanesa, que não só conseguiu resistir, como também intensificou ataques concentrados no norte de “Israel”, causando baixas aos sionistas.
Esse é o fundo do acordo que a imprensa imperialista quer esconder para não revelar a gigantesca crise do Estado sionista ocupante.
Nesse sentido, embora as organizações sejam relativamente autônomas, a decisão do Hesbolá é parte de uma estratégia na qual o Hamas também está envolvido, sendo parte da política geral do Eixo de Resistência. A vitória do Hesbolá é uma vitória também do Hamas. A própria imprensa imperialista já anuncia a possibilidade de um cessar-fogo em Gaza, o que seria um atestado de derrota para Netaniahu.
Diferentemente do que diz o artigo do The New York Times, não há um isolamento do Hamas. Não fosse assim, o líder do grupo palestino não teria declarado, assim que a notícia do cessar-fogo apareceu, que o anúncio os “deixava feliz”.
Osama Hamdan, declarou para o jornal Al-Mayadeen que “qualquer anúncio de um cessar-fogo no Líbano deixa-nos felizes porque o Hesbolá apoiou o nosso povo e fez grandes sacrifícios”. “Se um cessar-fogo for alcançado no Líbano, será uma conquista para a resistência libanesa e o que aconteceu ontem ao atingir a entidade contribuiu para isso.”
O artigo do The New York Times cinicamente coloca a culpa no líder martirizado Iaiá Sinuar, assassinado por “Israel” por não querer o cessar-fogo.
“Depois de o Hamas ter atacado Israel em 7 de outubro de 2023, Sinuar concentrou-se em tentar derrotar o país, levando-o a uma guerra em grande escala com o Hesbolá e o Irã. Autoridades dos EUA disseram que, enquanto essa estratégia parecesse ter uma chance, Sinuar bloquearia qualquer acordo de cessar-fogo.”
Colocar a culpa em quem já morreu é o melhor caminho para quem não tem o que dizer. É outra falsificação da realidade. O artigo quer dar a ideia de que o Hamas não seria um grupo coeso, que Sinuar defendia uma coisa e o restante do grupo, não.
Essa colocação do principal jornal do imperialismo, portanto porta-voz deste, esconde a iminente derrota de “Israel” em Gaza. Parece que o sionismo está preparando a seguinte explicação: “aceitamos o cessar-fogo porque Sinuar não está mais impondo barreiras”.
Não há isolamento do Hamas. Até mesmo pelo texto do jornal, parece que o imperialismo prepara, por meio desse primeiro acordo com o Hesbolá, um acordo com o próprio Hamas. Se isso for verdade, estaríamos diante de uma vitória histórica da resistência.