Desde que os Estados Unidos e o Reino Unido liberaram o uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia, o conflito regional europeu assume faces de um conflito global.

Neste mês, a Ucrânia realizou ataques com mísseis de longo alcance Storm Shadow fornecidos pelo Reino Unido na região de Kursk, no território russo. Segundo a rede de comunicação britânica BBC, fragmentos dos mísseis foram encontrados e analisados por especialistas, apesar do local e momento exato do ataque não foram verificados por fontes independentes.

Há claros indícios de que o governo britânico aprovou o uso destes armamentos em território russo. O Secretário de Defesa britânico, John Healey, havia anunciado previamente que o Reino Unido estava “dobrando” sua assistência militar à Ucrânia. Relatos apontam que até 12 mísseis Storm Shadow teriam sido disparados contra a região de Kursk, porém, o Ministério da Defesa russo afirmou que todos foram interceptados por suas defesas aéreas.

Como resposta à liberação do uso destes mísseis, o presidente russo – Vladimir Putin – modificou a política russa de uso de armas nucleares, como forma de intimar o imperialismo e frear a sua escalada no conflito. A nova doutrina nuclear de Moscou descreve a possibilidade de uma resposta nuclear se Quieve usar mísseis de fabricação imperialista contra a Rússia:

“A Federação Russa reserva-se o direito de usar armas nucleares em caso de agressão contra ela ou contra a República da Bielorrússia, […] com o uso de armas convencionais, de uma forma que represente uma ameaça crítica à sua soberania e (ou) territorial integridade”, disse o porta-voz do Crêmlin, Dmitry Peskov.

O porta-voz disse ainda que a Rússia veria o uso de mísseis não nucleares do imperialismo pela Ucrânia como um ataque de um Estado não-nuclear com apoio de Estados nucleares contra o país, o que poderia justificar inclusive o uso de armas nucleares por Moscou.

Em uma declaração, o presidente Putin afirmou que após a liberação do uso de mísseis de longo alcance por parte da Ucrânia, o conflito regional se apresente agora no preâmbulo de uma guerra mundial:

“A partir desse momento, um conflito regional na Ucrânia anteriormente provocado pelo Ocidente adquiriu elementos de carácter global”.

Em resposta ao ataque ucraniano, o Crêmlin realizou um ataque utilizando mísseis “Oreshnik”. O ataque atingiu uma instalação militar na cidade de Dnepropetrovsk. Os mísseis “Oreshnik” são mísseis balísticos hipersônicos de alcance intermediário, segundo Putin estes equipamentos voam uma velocidade 10 vezes maior que a velocidade do som e não podem ser interceptados pelos sistemas de defesa aérea ucranianos. Esta foi a primeira vez que os russos utilizaram este armamento, fazendo parte de uma série de testes do exército russo com este equipamento:

“Continuaremos estes testes, inclusive em ambiente de combate, dependendo da situação e das ameaças à segurança da Rússia”, disse o presidente russo à agência de notícias de seu país TASS.

O órgão também havia noticiado o desastre militar ucraniano. Segundo a TASS, as baixas das Forças Armadas da Ucrânia somariam aproximadamente 906,5 mil pessoas – incluindo mortos e feridos.

A incapacidade militar ucraniana e a inferioridade tecnológica da OTAN perante a Rússia levam o fantoche dos EUA a uma completa falência militar. Como apontou o Comandante da Marinha Robson Farinazzo no programa Análise Internacional exibido no canal Diário Causa Operária no último dia 25:

“(…) a disparidade tecnológica entre Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia é muito grande. A Rússia está muitos anos à frente. Porque nesses 30 anos os EUA ficaram fazendo guerras no Oriente Médio – guerras inúteis –, não se aperfeiçoaram, não se atualizaram. Hoje o Irã, Coreia do Norte, China, Rússia – até mesmo a Índia – estão bem à frente”.

O presidente do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, destacou a crise generalizada enfrentada pela OTAN na Europa na mesma transmissão. Os países mais destacados do bloco – Inglaterra, França e Alemanha – estão com seus governos em desintegração.

O governo britânico de Keir Starmer possui, com menos de um semestre completos, uma impopularidade maior que o governo anterior. O presidente da França, Emmanuel Macron, sofreu uma derrota catastrófica nas eleições gerais. A Alemanha vê o governo de Olaf Scholz se despedaçar e do outro lado do Atlântico, a vitória de Donald Trump nos EUA se tornou um obstáculo para os interesses da Europa.

“Inverteu-se a situação. O governo Biden e europeus ficaram encurralados pela eleição do Donald Trump. Estão tentando resolver um problema que parece insolúvel antes do Trump assumir o governo. A não ser que tenham alguma carta na manga, parece que isso já deu o que tinha que dar”, analisou Pimenta.

Com a desintegração do bloco da OTAN e suas subsequentes derrotas militares, o imperialismo avança para uma política ditatorial. O dirigente do PCO aponta o caso da Moldávia como um exemplo desta política:

“O caso da Moldávia mostra que o imperialismo caminha para a ditadura. É isso que temos pela frente. Para manter seu poder político, ele [o imperialismo] terá de apelar para a ditadura. Já está apelando numa série de lugares para os golpes de Estado. Aquela onda de golpes de Estado que varreu a América Latina que começou com Honduras está sendo retomada em grande escala”.

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Last Update: 28/11/2024