Demonstrando seu firme compromisso com a destruição do povo palestino, a chamada “democrática” França garante livre trânsito ao fascista Benjamin Netaniahu, contrariando os mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) e mostrando por que o imperialismo não deve ser levado a sério quando defende um “legalismo” abstrato, como quando o mesmo tribunal resolveu condenar o presidente russo Vladimir Putin. Trata-se de nada mais do que pura hipocrisia.
Segundo matéria publicada no sítio especializado em Oriente Médio The Cradle, o Ministério das Relações Exteriores da França declarou que Netaniahu estaria coberto por imunidade aplicada a governos que não fariam parte do TPI, como os Estados Unidos e “Israel”:
“Tais imunidades se aplicam ao primeiro-ministro Netaniahu e outros ministros relevantes e precisarão ser levadas em consideração caso o TPI solicite sua prisão e entrega.”
Um “respeito” comovente aos direitos políticos de figuras-chave no assassinato em massa de civis palestinos, em sua maioria mulheres e crianças. Respeito que contrasta, por exemplo, com as ameaças de todos os países imperialistas a Putin. Fato que chama a atenção pois a ação militar russa na Ucrânia tem caráter claramente defensivo e os ataques têm sido cuidadosamente direcionados a alvos militares e não residências como na Palestina.
Antes da França, a Itália já havia relativizado a obediência aos mandados de prisão para “Bibi”, como o primeiro-ministro israelense é conhecido. O ministro das Relações Exteriores do país imperialista falou com a imprensa após uma reunião com os chefes da diplomacia dos países do G7, que não conseguiu produzir um consenso sobre o assunto:
“Netaniahu nunca iria para um país onde ele pode ser preso. A prisão de Netaniahu é inviável, pelo menos enquanto ele for primeiro-ministro “.
A “falta de consenso” não ficou apenas no âmbito do G7, mas dividiu o próprio governo italiano. Por um lado, o ministro da Defesa Guido Crosetto, defendeu a posição de que a Itália teria que acatar a decisão do TPI e prender Netaniahu caso ele entrasse no país. Já o líder do partido Liga, Matteo Salvini, que integra a coalizão do governo Meloni, declarou que Netaniahu seria bem-vindo na Itália.
EUA, Áustria e Alemanha rejeitaram os mandados do TPI, mostrando que as decisões do tribunal só valem de verdade contra os inimigos do imperialismo. Quando o alvo serve aos seus interesses, os países imperialistas expõem que o órgão não tem qualquer autoridade real. Mesmo sob os apelos do chefe da Política Externa da União Europeia, Josep Borrell, que afirmou que as decisões “são juridicamente vinculativas: não há escolhas”.
Mesmo com a prevalência da posição imposta pelo país mais forte do bloco imperialista, alguns países imperialistas europeus assumiram o compromisso de cumprir os mandatos. Foi o caso da Espanha e do Reino Unido. Também aceitaram a decisão diversos países árabes e a Turquia.
The Cradle ainda relata que, mesmo antes da emissão dos mandados de prisão para Netaniahu e o ex-ministro de Defesa sionista Yoav Gallant, o Congresso dos Estados Unidos já preparava uma legislação contra a “perseguição” do Tribunal Penal Internacional aos políticos israelenses diretamente ligados aos ataques militares contra civis palestinos. O líder do Partido Republicano na Câmara dos Representantes Mike Johnson, citou o promotor-chefe do TPI dias após a emissão dos mandatos, dizendo que os EUA deveriam “punir o órgão e colocar Karim Khan de volta no seu lugar”.
Fica o alerta para os desavisados que embasam as farsescas condenações do TPI, como a recente contra Putin e as condenações de lideranças do Hamas. Só essas valem de verdade. Além disso, mais uma prova de que qualquer aliança em defesa da tal “democracia” ou para fazer qualquer coisa de bom para a população mundial com governos imperialistas não passa de piada de mal gosto.