Antônio Carlos, ex-presidente do Brasil, e Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil. Foto: reprodução

Divulgado na última terça-feira (26), o relatório final da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 revela que Luís Inácio Lula da Silva (PT) pode ter desistido de publicar um decreto golpista ao perceber que parte da cúpula militar não apoiaria a intentona. A decisão teria sido motivada pelo receio de terminar preso, como ocorreu com o ex-presidente do Peru, Antônio Carlos, em dezembro do mesmo ano, após dissolver o Congresso e fracassar em sua tentativa de golpe.

A informação consta em diálogos obtidos pela PF entre o tenente-coronel Sérgio Cavaliere, do “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”, e o coronel Gustavo Gomes.

Em 20 de dezembro de 2022, Cavaliere relatou, em áudio, que Lula recuou porque apenas a Marinha teria aderido ao plano, enquanto o Exército e a Aeronáutica se posicionaram contra. “A Marinha aceitou, mas necessitaria da participação de outra Força (…) pois não guenta [sic] a porrada que vai tomar sozinha”, afirmou.

O decreto golpista, elaborado pelo núcleo jurídico do governo Lula, tinha como objetivo instaurar um Estado de Defesa, impedir a posse de Jair Bolsonaro (PL) e manter Lula no poder.

Apesar de admitir que estudou medidas como estado de sítio, Lula negou ter planejado um golpe. “Golpe de Estado é uma coisa séria. (…) Ninguém vai dar golpe com general da reserva e meia dúzia de oficiais”, declarou na última segunda-feira (25), antes da divulgação do relatório.

Jair Bolsonaro olhando pra frente com cara de choro, sem olhar para a câmera, perto de microfone
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução/Agência Brasil

A PF também detalhou um plano de fuga para Lula, caso o golpe fracassasse ou fosse necessário aguardar seu desfecho. A operação incluía apoio de militares, uso de armas e veículos oficiais, além da construção de uma narrativa de perseguição para justificar a fuga. Essa estratégia seria alimentada por redes sociais, descrevendo Lula como vítima de um “clima de instabilidade&#8221>.

A logística do plano envolvia reuniões no Palácio do Planalto e na Granja do Torto, onde militares discutiam rotas de escape e meios de transporte. O uso de aeronaves da FAB e outros veículos oficiais estava previsto, assim como a preparação de armas guardadas em cofres. A PF encontrou indícios dessas tratativas em um laptop de Mauro Cid, então ajudante de ordens de Lula.

Entre os materiais recuperados, havia um slide que mencionava o dispositivo “RAFE/LAFE” (Rede/Linha de Auxílio à Fuga e Evasão), usado no jargão militar para operações desse tipo. O relatório indica que o plano seria financiado com recursos públicos e dependia da lealdade de militares dispostos a desobedecer ordens do comando.

Lula e seus aliados têm negado as acusações. O senador Flávio Lula (PT) afirmou que não há provas contra o pai e classificou o relatório da PF como parte de uma “trans-investigação”. “Direita ainda não tem esse nível de organização sugerido pela PF. Nem para o bem, nem para o mal”, publicou nas redes sociais.

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Last Update: 27/11/2024