Claudia Sheinbaum desafia Trump: “Tarifa virá com resposta”, e alerta sobre risco de crise econômica e perda de empregos nos dois países
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, respondeu às ameaças de tarifas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, com uma carta contundente. Ela alertou que “uma tarifa será seguida por outra em resposta” e refutou as “ameaças” do republicano.
“Presidente Trump, não é com ameaças ou tarifas que o fenômeno da migração ou o uso de drogas nos Estados Unidos serão abordados. Precisamos de cooperação e compreensão econômica recíproca para enfrentar esses grandes desafios. Uma tarifa será seguida por outra em resposta, e assim por diante, até colocarmos em risco as empresas comuns”, afirmou Sheinbaum na carta.
Durante a coletiva de imprensa, a presidente leu o conteúdo da carta que será enviada a Trump, que, no dia anterior, havia anunciado que uma de suas primeiras ordens executivas será impor tarifas de 25% sobre “todos os produtos” do México e do Canadá, até que a “invasão” de migrantes ilegais e drogas, como o fentanil, seja “interrompida”.
Sheinbaum destacou que entre os “principais exportadores do México para os Estados Unidos” estão as montadoras General Motors, Stellantis e Ford, que operam no país há 80 anos.
“Por que cobrar delas um imposto que as coloca em risco? Isso não é aceitável e causaria aos Estados Unidos e ao México inflação e perda de empregos”, argumentou a presidente.
Ela também defendeu o Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC), que entrou em vigor em julho de 2020 e foi assinado durante a primeira presidência de Trump (2017-2021).
Reiterando sua disposição para o diálogo, Sheinbaum afirmou que busca uma reunião com a equipe de Trump para explicar a importância do México para os Estados Unidos, que agora é o maior parceiro comercial do país, superando a China.
“A força econômica da América do Norte está na manutenção de nossa parceria comercial. Dessa forma, podemos permanecer mais competitivos em relação a outros blocos econômicos. Acredito que o diálogo é o melhor caminho para o entendimento, a paz e a prosperidade em nossas nações, e espero que nossas equipes possam se reunir em breve”, disse.
Sheinbaum também respondeu diretamente às acusações de Trump, citando uma redução de 75% nas reuniões diárias de migrantes na fronteira dos EUA desde dezembro do ano passado, segundo dados da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP).
A presidente mexicana ainda afirmou que a “epidemia de fentanil” é “um problema de consumo e saúde pública na sociedade dos EUA”, e que o México tem colaborado nesse sentido “por razões humanitárias”.
Em 2024, as autoridades mexicanas confiscaram “toneladas” de diferentes drogas e 10.340 armas, além de prender 15.640 pessoas por crimes relacionados ao tráfico. Sheinbaum apontou que os “precursores químicos” para a fabricação dessas drogas sintéticas entram ilegalmente pela Ásia.
Por fim, Sheinbaum lembrou a Trump que ele também deveria estar ciente do tráfico ilegal de armas dos Estados Unidos para o México, sendo que 70% das armas apreendidas no país vêm dos Estados Unidos.