Plano dos bolsonaristas era para “prender/executar” Moraes no dia 15 de dezembro de 2022 para garantir a eficácia do golpe de Estado. Na sequência, o objetivo era culpar Lula. Veja detalhes dos planos bolsonaristas abaixo.
PF afirma que havia conjunto de estratégias dos bolsonaristas para atrapalhar a investigação
Materiais encontrados na residência do general da reserva Mário Fernandes indicam que havia um conjunto de estratégias para atrapalhar as investigações da tentativa de golpe de Estado. Uma delas era voltada para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, para que a oposição imputasse ao governo Lula a responsabilidade pelos atos golpistas de 2023. A informação está no relatório da Polícia Federal (PF), cujo sigilo foi retirado hoje (26) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mário Fernandes era o número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro. O documento com as estratégias para a CPMI foi criado em 16/05/2023, quando Fernandes ocupava cargo de natureza especial no gabinete do deputado federal General Pazuello. No documento, estão “ideias-forças” para orientar a oposição ao governo Lula. A principal delas era afastar a responsabilidade do grupo de bolsonaristas investigado pela PF e conseguir o impeachment do atual presidente da República.
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“Patriotas”
Outro objetivo dos bolsonaristas era desgastar o STF e o ministro Alexandre de Moraes, para avançar em pedidos de impeachment de ministros da corte suprema, denominados “ditadura da toga”, e anular as prisões dos golpistas dos atos de 8 de janeiro, chamados de “patriotas”.
“Mostrar o abuso de poder do STF, principalmente do Alexandre de Moraes, na prisão de cerca de 1.500 patriotas, que só tem um comparativo na história da humanidade, que são as prisões dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial”, diz um dos trechos do documento.
Também se pretendia intimidar e coagir a Polícia Federal, ao afirmar que o órgão policial cometeu abusos e prendeu ilegalmente participantes do 8 de janeiro.
Além das orientações sobre a CPMI, foram encontradas com Mário Fernandes anotações para criar uma narrativa contra o então ministro da Justiça, Flávio Dino. O objetivo era responsabilizá-lo por omissão na tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro em Brasília.
Bolsonaristas viam Moraes como “centro de resistência a ser neutralizado”
Durante as tratativas para dar um golpe de Estado, militares bolsonaristas próximos ao ex-presidente inelegível tramaram a “neutralização” do ministro Alexandre de Moraes. Na época, em 2022, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) também ocupava o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assim, como o objetivo era derrubar a democracia e manter Bolsonaro ilegalmente no poder, a Justiça Eleitoral era alvo óbvio.
De acordo com relatório da PF, que finaliza um inquérito de mais de dois anos de vasta investigação, houve tentativa de fato para matar ou sequestrar Moraes. Essa tentativa não alcançou sucesso por “circunstâncias alheias à vontade” dos executores. Uma série de erros (e sorte para o ministro) impediram o atentado. Em diferentes tratativas, militares do Exército e pessoas próximas a Bolsonaro chamavam Moraes de “centro de gravidade”.
Presidente do PL é indiciado por mentir sobre as urnas eletrônicas
No inquérito sobre tentativa de golpe de Estado, Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, é indiciado por se associar a organização criminosa e por tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito. No documento são apresentadas provas da atuação intencional em gerar dados falsos e divulgá-los para instaurar inseguranças em relação às urnas eletrônicas com o objetivo de manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder.
O presidente do Partido Liberal (PL) trabalhou com mais três pessoas na orquestração de informações falsas, são eles: o engenheiro Carlos Rocha, o estatístico Eder Balbino e o professor da Unicamp Paulo Geus. Os três eram subordinados que de fato produziram tabelas e relatórios de dados que alegavam que as urnas produzidas antes de 2020 apresentavam falhas que teriam comprometido as eleições presidenciais de 2022.