Em um recente artigo publicado no Correio Braziliense, a senadora Zenaide Maia, do PSD, defendeu a implementação de cotas raciais no Brasil, argumentando que é uma “reparação histórica” para os negros.
No entanto, é preciso questionar a ideia de “reparação histórica” e o que ela realmente significa. A senadora argumenta que o Brasil tem uma “dívida histórica” com o povo negro por ter sido responsável pela escravidão. No entanto, é importante lembrar que o Brasil é um país cujo povo é de maioria negra, e que a escravidão foi uma prática comum em muitos países ao longo da história.
Além disso, a senadora erra ao atribuir 388 anos de escravidão ao “Brasil”. No máximo, o “Brasil” seria responsável por menos de 66 anos de escravidão, o resto sendo responsabilidade dos portugueses.
A discussão sobre o sofrimento de um povo no passado é importante, mas não justifica alterar direitos políticos do presente. As cotas universitárias, na época em que foram defendidas pelo movimento negro, eram uma medida social para garantir a igualdade de oportunidades, não uma abstrata “reparação histórica”.
O que os movimentos defendiam era a possibilidade de, por meio das cotas, o negro conseguir chegar à universidade, o que significa que um setor mais pobre da população pudesse ter esse direito de fazer universidade, aumentando a oportunidade de melhora nas condições de vida.
No caso de serviços públicos e candidaturas, as cotas são, na verdade, uma medida antidemocrática, pois são privilégios de um grupo sobre outro, usando a “reparação histórica” como desculpa.
A realidade é marcada opressão ao povo negro, que, após a escravidão, foi relegado ao abandono pelo Estado brasileiro e continuou sofrendo analfabetismo, violência, perseguição e silenciamento. O que é necessário é políticas sociais profundas para tirar o povo da miséria, não cotas.
A demagogia serve para conseguir votos e fingir que alguma coisa está sendo feita, mas não enche a barriga de ninguém. O que é necessário é ação concreta e política para melhorar as condições de vida do povo.