Para a maioria da população brasileira (79%), a polícia é mais agressiva em relação à população negra do que à população branca. Os dados são de uma pesquisa do Datafolha realizada no início de novembro. Segundo a pesquisa, pelo menos 28% da população já foi parada para revista pessoal pela polícia; considerando o recorte racial, o dado torna ainda mais explícito o perigo contra a população negra: entre pretos, 34%, ante 29% dos pardos e 24% dos brancos. Considerando o peso populacional desses segmentos da sociedade, (10% da população é preta; 43% é branca e 45%, parda, segundo o IBGE) mostra-se claramente que a polícia está organizada para atuar preferencialmente contra a população negra (união de pretos e pardos).
O medo da violência policial atinge a maioria da população, 38% dos entrevistados que são pais disseram ter que seus filhos tenham sido vítimas da violência policial, entre os negros o dado sobe para 70%. O relatório Pele Alvo: Mortes que Revelam um Padrão mostrou que quase 90% das pessoas assassinadas pela polícia em nove estados do país (3.169 casos contabilizados) em 2023 eram negras e pobres. O fator socioeconômico é também um dos elementos centrais. A maioria dos brancos e dos negros vitimas de abordagens ou violência policial pertencem, ou trabalhadores, ou camponeses pobres.
Os dados mostram que a questão negra, a discriminação, o preconceito, o racismo, são resultados da exploração econômica e da dominação política dessa camada social, assim como dos setores trabalhadores e camponeses explorados. O fato é que o negro foi identificado permanentemente, pela cor da pele, com a parte explorada e oprimida da sociedade e enquanto ela existir o estigma do negro permanecerá.
A polícia, o judiciário e todo o aparato do Estado burguês no Brasil existe para manter esse estado de coisas, isto é, para manter a ordem, segundo a qual uma minoria de capitalistas apoiados em um setor da pequena-burguesia dominem a população negra de conjunto, assim como as massas operárias e camponeses não negras.
O problema do negro é antes de tudo um problema político e econômico, sua emancipação, assim como da classe trabalhadora deriva da destruição do Estado burguês e suas instituições, que mantém a dominação. Seu estigma somente será superado com o desenvolvimento econômico pleno que coloque todas as camadas da sociedade, assim como todas as regiões do país em pé de igualdade material e cultural.
A luta anti-imperialista, assim como a luta contra a estrutura repressiva reacionária, é uma luta central para o movimento negro que trilha o caminho da sua emancipação.