O Ministério da Defesa anunciou, nesta terça-feira (26), a demissão do coronel da reserva João Silva Barboza, que atuava como Diretor do Curso de Gestão de Recursos de Defesa da Escola Superior de Guerra (ESG). A decisão foi tomada após declarações em que o militar contestou a legitimidade das eleições de 2022 e criticou investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF). Com informações da Folha de S.Paulo.
Barboza, que é militar aposentado, havia sido contratado como PTTC (Prestador de Tarefa por Tempo Certo). O desligamento será formalizado na edição do Diário Oficial da União de quarta-feira (27). O caso ganhou repercussão após o coronel compartilhar, em um grupo de WhatsApp, mensagens polêmicas sobre o processo eleitoral e a atuação da PF.
Em suas declarações, feitas na noite de quinta-feira (21), o militar afirmou que as eleições de 2022 “foram roubadas”, acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de corrupção e questionou a veracidade das investigações da PF sobre a suposta trama golpista. As mensagens foram enviadas a um grupo com cerca de 100 integrantes, composto por professores e ex-alunos da ESG, instituição subordinada ao Ministério da Defesa.
Contexto das investigações e acusações
As declarações do coronel ocorreram no mesmo dia em que a PF indiciou 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro da Defesa Braga Netto e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. A investigação apura um suposto plano golpista envolvendo figuras do alto escalão político e militar.
Em sua mensagem, Barboza afirmou que as “eleições foram roubadas sob a liderança de Alexandre de Moraes”, ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele também mencionou que “grande parte da população não aceitava o resultado eleitoral” e criticou os atos que, segundo ele, favoreceram a candidatura de Lula: “Desde a soltura do ladrão até todos os atos perpetrados em favor de Lula na corrida eleitoral”.
Resposta do coronel às críticas
Procurado, João Silva Barboza confirmou a autoria das mensagens e alegou que se tratavam de um desabafo pessoal. “Trata-se de um desabafo, pois os militares que conheço entre os 37 citados são profissionais extremamente competentes, o que naturalmente gera um sentimento de tristeza”, declarou.
O coronel também defendeu que as mensagens foram uma reação à postura de outros participantes do grupo: “No grupo mencionado, formado majoritariamente por civis, começaram a surgir ilações sem que as informações completas fossem consideradas. Assim, o desabafo foi simplesmente de um cidadão indignado com a forma como algumas pessoas julgam sem conhecer todos os fatos, algo claramente pouco ético. Por isso, decidi responder na mesma moeda”.