A viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos dias antes da posse de Lula (PT) ocorreu com o objetivo de evitar sua prisão após a tentativa de reverter o resultado das eleições fracassar, aponta a Polícia Federal. A informação consta do relatório final sobre a tentativa de golpe de Estado.

No exterior, segundo a corporação, Bolsonaro aguardaria o desfecho dos atos golpistas realizados em 8 de Janeiro, quando seus apoiadores invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

O relatório da PF diz que o plano foi criado ainda em 2021, dias após o ex-presidente atacar ministros do Supremo Tribunal Federal e o sistema eleitoral nos seus discursos de 7 de Setembro daquele ano. Documentos apreendidos pela corporação ao longo da investigação mostraram que a estratégia dos aliados de Bolsonaro incluía até mesmo o uso de armamento.

Para a viagem no final de 2022, o planejamento foi adaptado. Na avaliação dos investigações, a discussão em torno da fuga do ex-capitão demonstrava a persistência dos seus aliados em protegê-lo e garantir sua liberdade. Bolsonaro ficou três meses nos EUA, retornando ao Brasil em março de 2023.

Foram elaboradas três fases para a concretização do plano, sustentou a PF:

  • A primeira, previa a cooptação de militares do Gabinete de Segurança Institucional para ocupar posições estratégicas nos palácios do Planalto e da Alvorada. Essa etapa incluía a disponibilização de armamento e munição em condições de uso imediato, armazenados em cofres prontos para acesso rápido, caso necessário.
  • A segunda era descrita como condições de ocupar estruturas estratégicas ou infraestrutura crítica, cuja interrupção ou destruição teria impacto significativo no Estado e na sociedade. O objetivo seria ocupar instalações críticas para intimidar medidas judiciais ou institucionais contra Bolsonaro, criando um cenário de pressão física e simbólica.
  • A terceira previa a retirada do ex-presidente do País, descrita como montar e operar um RAFE/LAFE para exfiltrar o Pr para o exterior. A operação consistiria em criar uma rede de apoio logístico e militar para garantir a fuga do ex-presidente.

A criação de uma rede de apoio militar para retirar o ex-presidente do país reflete o temor de que ele pudesse ser responsabilizado por seus atos após deixar o cargo, observaram os investigadores da PF no relatório. O sigilo das investigações foi levantado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes nesta terça-feira.

Bolsonaro e outras 36 pessoas – incluindo ex-ministros e militares de alta patente – foram indiciados na semana passada por três crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. As conclusões do inquérito agora estão nas mãos da Procuradoria-Geral da República, que deve se manifestar sobre o andamento do processo.

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Last Update: 26/11/2024