O candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), voltou a atacar o regime bolivariano durante uma sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo e seu portal na internet, o UOL. Ocorrida na última segunda-feira (9), a sabatina abordou a crise no subcontinente e Boulos declarou que o presidente reeleito Nicolás Maduro “não tem legitimidade”.
“Eu, como membro da esquerda, me posicionei dizendo que a eleição do Maduro está cheia de suspeitas de fraude e que, portanto, o governo não tem legitimidade”, afirmou Boulos, acrescentando que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também “não reconheceu o governo do Maduro”.
A colocação de Boulos demonstra o problema com a confusão ocasionada pelo presidente Lula e sua política covarde, de aceitar as chantagens que sofre para renegar um aliado histórico do nacionalismo latino-americano como o movimento bolivariano.
Ainda assim, o candidato entende que ficar abertamente contra a Venezuela, como querem seus chefes, é problemático para alguém que precisa circular pela esquerda. “A Venezuela está a 4.000 quilômetros de São Paulo”, disse Boulos, acrescentando: “minha posição sobre a Venezuela, assim como a de boa parte dos representantes da esquerda brasileira, já foi firmada de maneira muito clara, muito enfática inclusive”.
Como um orgulhoso defensor do imperialismo, a força social por trás dos ataques contra a Venezuela e o ministro golpista do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Boulos chegou a usar as manifestações da direita ocorridas em 8 de janeiro de 2023 como desculpa para justificar sua posição reacionária e fortemente pró-EUA.
Se os manifestantes de extrema direita tentaram “dar um golpe no 8 de janeiro” com aquela manifestação, como caracterizar a mobilização que vem sabotando o sistema energético, atacando simpatizantes do chavismo e do PSUV nas ruas e até mesmo ateando fogo em hospitais?
A postura de Boulos reflete uma tentativa deliberada de alinhamento com os interesses dos EUA e de enfrentamento ao nacionalismo latino-americano. Ao acusar o presidente Maduro de não ter “legitimidade”, Boulos não apenas demonstra sua lealdade às ONGs vinculadas ao imperialismo, mas também seu ativismo para a desestabilização das forças progressistas na América Latina.
A intervenção de Boulos sobre a Venezuela ilustra uma manobra calculada para reforçar seu compromisso com os interesses dos EUA, ao mesmo tempo em que se distancia das bandeiras históricas da esquerda.
Esse comportamento demonstra uma estratégia deliberada para atender aos interesses dos monopólios do mercado mundial, concentrados sobretudo nos EUA e na União Europeia e responsáveis por atender esse setor, o mais poderoso da burguesia, em detrimento da população pobre e explorada.
Eis o verdadeiro conjunto de interesses defendidos por Boulos. O dos bancos, das petrolíferas, dos governos norte-americanos e europeus. O Brasil e o povo brasileiro nada significam para ele.