Nas eleições municipais deste ano, Guilherme Boulos (PSOL) é apresentado como o candidato “de esquerda” com maiores chances de ir ao segundo turno. Mas Boulos é mesmo de esquerda? Seu histórico mostrará que não.
Em 2014, antes da reeleição de Dilma Rousseff, Boulos ganhou espaço como líder do movimento “Não vai ter Copa”, um movimento golpista, arquitetado e impulsionado pela direita, contra a Copa do Mundo. O objetivo era um só: atacar o governo Dilma, do Partido dos Trabalhadores.
Uma vez que a realização do evento se mostrou problemática e a seleção foi eliminada, fazendo com que o governo não pudesse utilizar a Copa de 2014 como trunfo nas eleições, o objetivo da direita com o “Não vai ter Copa” foi conquistado. Além do interesse golpista do movimento, destaca-se o fato de que foram organizados pelos Comitês Populares da Copa, os quais, na realidade, eram financiados diretamente pela Fundação Ford, histórica fachada da CIA.
Não coincidentemente, Boulos tornou-se colunista semanal da Folha de S. Paulo, uma das vozes do imperialismo na imprensa burguesa brasileira, onde permaneceu por mais alguns anos. O espaço na Folha não foi nada menos do que um agradecimento por seus serviços prestados.
Em 2016, no ano do golpe de Estado, as forças de Boulos eram utilizadas quase que exclusivamente para o ataque ao governo utilizando o ajuste fiscal como pretexto, mas não limitando-se apenas às palavras. Quando a luta se acirrou, ao invés de participar da frente única que se formou contra o golpe já em andamento, sua iniciativa foi a de fracionar o movimento. Aproveitando o controle que tinha sobre o MTST, dividiu o movimento e criou a “Frente Povo Sem Medo”, prestando um grande serviço à direita no período de 2014-2016 no que dizia respeito ao enfraquecimento do governo Dilma.
Ainda antes da pandemia do COVID, quando a esquerda ainda estava um pouco menos acovarda em ir às ruas, um representante da “Frente Povo Sem Medo”, liderada por Boulos, se reuniu com elementos do Ministério Público, da Procuradoria Geral do Estado e da Polícia Militar na sede do comando geral da polícia militar do estado de São Paulo. Resultado da reunião: a esquerda teria que revezar a Avenida Paulista com a extrema direita, em um claro ato de sabotagem e de entrega da principal avenida do país para os adversários políticos do grupo no qual ele afirma pertencer.
Avançando no tempo para 2021, onde centenas de milhares de brasileiros foram às ruas pedindo pela saída de Bolsonaro, o cavalo de Troia do imperialismo foi um dos principais agentes na desmobilização da população à esquerda. Por conta do acordo feito por Boulos, a esquerda foi impedida de realizar seu ato no 7 de setembro na Avenida Paulista, tendo que entregá-la para os bolsonaristas. Boulos também foi um dos responsáveis por apoiar a “frente amplíssima” nestes atos, colocando dentro do movimento da luta elementos até do PSDB.
Em 1º de novembro de 2021, o Diário Causa Operária denunciou as relações de Guilherme Boulos com o IREE: um instituto ligado ao think tank Global Americans, com acordos de cooperação política entre ambos. A Global Americans, que se propõe a intervir nos países latino-americanos, tem como CEO Guy Mentel – que trabalhou no Departamento de Estado norte-americano, no Departamento de Defesa dos Estados Unidos e na campanha presidencial da democrata Hillary Clinton em 2016.
O instituto, por sua vez, contava como figuras de proa no golpe de Estado de 2016, como Sérgio Etchegoyen (militar fascista, ministro-chefe do GSI no governo Temer), Leandro Daiello (diretor da Polícia Federal durante o golpe) e Raul Jungmann (ministro da defesa no governo Temer).
Não bastando, a Global Americans é financiada pelo NED (Nation Endowment for Democracy), uma agência norte-americana criada para fazer um trabalho que era feito de forma encoberta pela CIA nas décadas de 60 e 70.
Nas últimas eleições, no entanto, mostrando que não é só do exterior que Boulos recebe financiamento, sua campanha recebeu R$60 mil de Elisa Sawaya Botelho Bracher,
Seguindo os passos de sua “compatriota” Sônia Guajajara, Boulos recebeu R$ 60.000 de Elisa Sawaya Botelho Bracher, empresária e filha de um dos maiores banqueiros nacionais.