A Justiça Eleitoral negou o registro de candidatura de Kaio Brazão (Republicanos), enteado de Domingos Brazão, a vereador na cidade do Rio de Janeiro. A juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo, que assina a decisão, alegou “a pretensa candidatura corresponde à prática de currais eleitorais”. Cabe recurso.
Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e ex-deputado estadual, foi preso em março deste ano, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018. O irmão dele, o deputado federal Chiquinho Brazão (União) também foi preso.
De nome de batismo Kaio Kroff Paiva, o jovem de 23 anos adotou o sobrenome do marido da mãe nos últimos anos. Nas redes sociais, onde se apresenta como Kaio Brazão Filho, apresenta postagens em que se compromete a “seguir carregando o legado da família Brazão”.
Ao negar a candidatura de Kaio, a Justiça destacou os “fortíssimos indícios de ligação da família Brazão” com a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes.
“A influência política do padrasto na carreira política do requerente é simbiótica e estrutural, tanto assim, que Kaio Kroff Paiva adotou o sobrenome ‘BRAZÃO’, absorvendo a influência política da família, a qual passaria a representar no exercício do seu mandato”, apontou a juíza.
A sentença destaca ainda que Kaio foi citado durante a investigação sobre a morte de Marielle – ele se reuniu com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar (União), após deflagração de operação para investigação do crime, por exemplo.
“Toda a articulação do requerente [Kaio] com o poderio já exercido pela família BRAZÃO, além da sua proposta pessoal de perpetuação desse poder maculam a vida pregressa do requerente, a probidade administrativa e moralidade para o exercício do mandato”, decidiu a juíza ao negar a candidatura.
Até a manhã desta terça-feira 10, as redes sociais de Kaio mostravam atividades normais de campanha. Ele ainda não se posicionou publicamente sobre a decisão judicial.