Por Iolanda Depizzol, Carolina Bataier e Gabriela Moncau
Do Brasil de Fato | Dourados (MS) e São Paulo (SP)
Um incêndio devastador consumiu parte das moradias do Acampamento Esperança, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Dourados (MS), no início da tarde desta quinta-feira (29). Sete barracos foram destruídos e os moradores suspeitam que trata-se de um crime orquestrado por latifundiários.
As chamas começaram em barracos cujos moradores tinham acabado de sair. Exatamente neste momento, uma comitiva de juristas, indigenistas e representantes de entidades de defesa de direitos humanos estava visitando a retomada Yvy Ajerê, na Terra Indígena (TI) Panambi Lagoa-Rica, em Douradina (MS).
“Eu estava lá embaixo almoçando, aí um homem começou a gritar que estava pegando fogo”, conta um morador. “Minha filha tinha acabado de sair. Parece que estavam esperando ela sair para poder botar fogo”, informa uma mulher, que também vive no acampamento. Os moradores pedem para não ser identificados pois temem represálias.
Além das moradias, os agricultores perderam alimentos, ferramentas de trabalho e até animais. “Aqui havia os frangos. Foram três frangos, esse e mais dois queimados”, lamenta um Sem Terra. Ainda era possível ver, sobre o chão de terra, o que restou dos animais.
Moradores conseguiram conter as chamas antes que elas se alastrassem para os outros barracos. O acampamento abriga 270 famílias e fica à beira da rodovia MS-379.
Se confirmado o ataque, este será o segundo caso de violência contra o acampamento Esperança somente neste mês. No dia 4 de agosto, o local foi cercado por um grupo de cerca de dez pistoleiros, que efetuaram tiros contra os barracos e atearam fogo em praticamente toda a área. O ataque aconteceu logo depois que os moradores da Esperança voltaram de uma caravana de solidariedade aos Guarani Kaiowá na TI Panambi Lagoa-Rica. Só as casas escaparam, porque uma pequena rua as separava das chamas. Dessa vez, elas foram alvo.
“A gente faz a luta pela terra, então eles não querem que a gente faça esse trabalho, né? De assentar as pessoas, das pessoas terem dignidade, de morar em cima do que é delas”, lamenta um morador.
Edição: Felipe Mendes