Uma pesquisa realizada pelo PoderData em parceria com o Projeto Legado de Brumadinho, divulgada nesta quinta-feira 29, revelou que 67% dos mineiros responsabilizam a Vale pelo rompimento da barragem de Brumadinho. O desastre, ocorrido em janeiro de 2019, causou a morte de 272 pessoas e deixou dezenas de desabrigados.
Além da mineradora, 65% dos moradores de Minas Gerais também apontam como responsáveis a Tüv Süd, empresa que emitiu um laudo de segurança da barragem, e os órgãos públicos encarregados da fiscalização – ou seja, “todos os citados”, segundo a pesquisa.
Em âmbito nacional, 59% dos entrevistados acreditam que a Vale é a principal responsável, enquanto 38% consideram que a culpa é compartilhada entre as demais partes envolvidas.
A pesquisa também destacou a percepção de ineficiência das leis de proteção contra desastres. Para 77% dos brasileiros, as normas atuais são inadequadas para prevenir tragédias como a de Brumadinho. Em Minas Gerais, onde estão localizadas 46 das 158 barragens em situação de alto e médio risco no país, esse índice sobe para 80%.
No estado, a principal causa apontada para o rompimento foi a negligência das empresas, com 32% das respostas, seguida pela falta de fiscalização por parte do poder público, que somou 20%. Em contrapartida, a percepção nacional atribui maior responsabilidade às agências fiscalizadoras (35%) do que às empresas (21%).
O levantamento ouviu 3.200 pessoas em todo o país entre os dias 20 e 25 de maio de 2024.
Outro lado
Sobre Brumadinho, a Vale afirma que tem realizado ações de reparação nos âmbitos social, ambiental, de infraestrutura e de segurança. “Seguimos investindo em iniciativas que visam ao desenvolvimento de uma mineração responsável, reduzindo impactos e atuando com a sociedade, de maneira transparente, para mitigar ainda mais os riscos associados às nossas operações”, pontua a empresa.
“O compromisso de não repetição nos inspira a trabalhar com foco na segurança das pessoas e na gestão de risco das nossas barragens, adotando padrões internacionais rigorosos, desenvolvidos após o rompimento”, complementa nota da companhia, que destaca que auxilia os bombeiros na localização dos corpos de três vítimas que ainda não foram localizadas, mais de cinco anos após a tragédia.