Na terça-feira (27), o conselheiro de segurança nacional do presidente dos EUA, Jake Sullivan, chegou a Pequim, capital da China, para uma visita que durará até quinta-feira. Esta é a primeira visita de um conselheiro de segurança nacional americano à China desde 2016. Sullivan e os funcionários que o acompanham realizarão conversas com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e outros altos funcionários chineses. Contudo, a visita, já enfrenta muitos obstáculos.

Pouco antes do avião de Sullivan pousar em solo chinês, o governo da China descreveu as sanções impostas pelos Estados Unidos a entidades chinesas, sob a alegação de apoiar a Rússia na guerra em curso na Ucrânia, como ilegais e unilaterais, e que não se baseiam em nenhum fato. Na semana passada, os Estados Unidos impuseram sanções a mais de 400 entidades e pessoas devido às acusações mencionadas. Entre os alvos das sanções estão empresas chinesas que, segundo autoridades norte-americanas, ajudam a Rússia a evitar sanções ocidentais e fortalecer seu exército.

Poucas horas antes da chegada de Sullivan, surgiram também declarações de alguns lacaios dos EUA na região. O Japão condenou o que alegou ser uma grave violação de sua soberania após o intrusão de uma aeronave militar chinesa em seu espaço aéreo na segunda-feira. Embora Sullivan esteja visitando a China a convite das autoridades locais, a imprensa chinesa, antes da visita, destacou que as trocas diplomáticas e a expressão de intenções de estabilizar as relações não são suficientes, dado que há uma grande lacuna entre as palavras e as ações do governo dos EUA.

Por isso, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou que os funcionários chineses levantarão questões relacionadas a Taiwan e as ações norte-americanas contra China, incluindo tarifas, controles de exportação e sanções. As tensões com os aliados dos EUA na região também serão um ponto de discussão entre as partes, em um momento em que o encontro provavelmente visa preparar o terreno para uma possível cúpula entre o presidente chinês, Xi Jinping e Joe Biden, antes do fim do mandato deste.

Embora as declarações oficiais norte-americanas digam que os EUA estão comprometidos em gerir a competição com a China de forma responsável, evitando que se transforme em um conflito, apesar da competição intensa com a China e das exigências impostas pela necessidade de proteger a segurança nacional dos Estados Unidos. Uma série de ações recentes dos norte-americanos na região indicam que a opção de aumentar a investida contra a China é a tendência.

Os EUA foram forçados a redirecionar seu peso militar para o Oriente Médio em apoio a Israel, deixando pela primeira vez a região Indo-Pacífico sem nenhum porta-aviões. Mas, ao mesmo tempo, lançaram uma série de golpes de Estado. Um de sucesso em Bangladexe, e campanhas golpistas que pode avançar rapidamente na Tailândia, em Mianmar e na Indonésia.

Nesse contexto, o jornal Washington Post afirmou em um relatório, na semana passada, que, nas profundezas das áreas remotas, a Austrália e os Estados Unidos estão conduzindo uma obra, destinada a transformar uma instalação militar em uma plataforma de lançamento para uma operação contra a China. Segundo o jornal, as pistas estão sendo ampliadas e reforçadas para acomodar as maiores aeronaves dos EUA, incluindo bombardeiros americanos, e enormes depósitos de combustível estão sendo construídos um após o outro para abastecer os caças americanos e australianos, enquanto dois abrigos subterrâneos foram construídos para armazenar munições norte-americanas.

Contudo, a atividade mencionada na base RAAF Tindal não é a única; segundo o relatório, instalações em toda a Austrália, que datam de décadas atrás e foram construídas pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, estão sendo revitalizadas em meio a crescentes preocupações de um conflito global.

Isso levou alguns especialistas australianos a argumentar que a crescente presença militar dos EUA não dissuade o conflito com a China, mas garante a participação da Austrália nele. Nesse contexto, o Washington Post cita Sam Roggeveen, ex-analista de inteligência australiano, dizendo: tenho preocupações profundas sobre todo o projeto. Ele considerou que essa atividade confunde os objetivos estratégicos dos Estados Unidos na Ásia com os objetivos da Austrália, tornando essas bases um alvo para ataques. Alguns até zombam de que a cooperação militar entre as partes se tornou tão extensa que a Austrália se tornou o 51º estado dos Estados Unidos.

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Última Atualização: 28/08/2024