Ronnie Lessa. Foto: Divulgação

O ex-policial militar Ronnie Lessa, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), revelou que assassinou a vereadora Marielle Franco por ganância, atraído por uma promessa de R$ 25 milhões. Segundo ele, esse valor correspondia ao preço de dois terrenos prometidos pelos irmãos Bruno e Leonardo Silva em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O assassino declarou que estava “encantado” com a quantia prometida e que, apesar de estar em uma fase tranquila de sua vida, foi seduzido pela ilusão de ganhar essa fortuna.

Lessa afirmou que os terrenos seriam destinados a ele, enquanto Edmílson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, receberia outros R$ 25 milhões. Já os irmãos Silva ficariam com terras adjacentes, que deveriam passar por obras de infraestrutura.

O ex-policial descreveu o plano como a criação de uma “Medellín da milícia” nas encostas de dois morros desocupados às margens da Estrada Comandante Luís Souto, uma região que, na época do crime, em 2018, estava amplamente dominada por grupos paramilitares.

Bruno Silva, Leonardo Silva e Rivaldo Barbosa. Foto: Divulgação

Durante seu depoimento, ele admitiu que conhecia os irmãos Silva há mais de 20 anos e que se reuniu com eles três vezes para discutir o assassinato de Marielle Franco. Duas reuniões ocorreram antes do crime e a terceira, após a execução de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes.

Nessa última reunião, Lessa afirmou que Bruno Silva estava visivelmente nervoso, enquanto Leonardo observava a conversa de braços cruzados. Ele relatou que ele garantiu que ele não precisava se preocupar com a investigação do crime, pois o então chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, “viraria o canhão para o outro lado”.

Segundo o ex-policial, Silva mencionou ainda que, caso necessário, teria o apoio de promotores, juízes e desembargadores para abafar o caso. O depoimento ele, que durou cerca de cinco horas, continuará nesta quarta-feira (28) por videoconferência.

Os advogados de Bruno Silva afirmaram que não há provas que sustentem as alegações de Lessa e que sua versão dos fatos carece de elementos que a comprovem. A defesa de Leonardo Silva classificou a delação dele como uma “desesperada criação mental” em busca de benefícios, destacando que há diversas contradições, fragilidades e inverdades na narrativa apresentada pelo ex-policial.

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Última Atualização: 27/08/2024