O Exército Brasileiro vai investigar a conduta de 4 militares golpistas. Divulgação

O Exército Brasileiro começou, na terça-feira (27), um inquérito policial militar para investigar quatro coronéis suspeitos de terem redigido uma carta que pressionava o Comando do Exército a apoiar um golpe contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A ação é resultado de uma sindicância conduzida pelo comandante João Paulo, que buscava identificar os oficiais envolvidos na criação e assinatura do documento, divulgado em novembro de 2022.

De acordo com a Folha de S.Paulo, a investigação concluiu que 37 militares tiveram algum nível de participação no episódio — quatro foram responsáveis pela redação do texto e 33 o assinaram. Todos os envolvidos foram submetidos a processos disciplinares.

Desses, 11 apresentaram justificativas consideradas aceitáveis, enquanto 26 receberam punições que variaram de advertências a detenções, conforme a gravidade estabelecida pelos comandantes de suas respectivas regiões militares.

Os principais investigados são os coronéis da ativa Alexandre Castilho Bitencourt da Silva e Anderson Lima de Moura, e os coronéis da reserva Carlos Giovani Delevati Pasini e José Otávio Machado Rezo Cardoso. Apenas esses quatro são formalmente investigados, pois a sindicância apontou indícios de crime militar relacionados à redação e publicação da carta.

Comandante João Paulo com expressão séria, fardado, em close
Ação é resultado de sindicância conduzida pelo comandante João Paulo – Reprodução

A carta, que circulou pela internet no final de novembro de 2022, tinha o objetivo de pressionar o então comandante Marco Antonio Freire Gomes a apoiar um golpe militar. O documento alegava defender a “legalidade, liberdade e transparência” e fazia críticas ao Judiciário, sugerindo que nenhum Poder poderia se colocar “acima da lei e da ordem democrática”.

O Regulamento Disciplinar do Exército proíbe expressamente que militares participem de manifestações coletivas de caráter reivindicatório ou político. O alto comando militar, à época, comunicou que haveria consequências severas para aqueles que aderissem ao manifesto. Em nota, o Exército confirmou a abertura do inquérito e destacou a existência de indícios de crime na ação investigada.

Este inquérito ocorre em um contexto de crescente tensão política, quando apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e alguns militares pressionavam o Exército a tomar uma postura contra a eleição de Lula, com manifestações em frente a quartéis e discussões sobre possíveis planos golpistas.

A Polícia Federal também investiga o envolvimento de militares e aliados do ex-presidente na tentativa de golpe, identificando que o texto golpista foi enviado ao tenente-coronel Mauro Cid antes de sua publicação.

 

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Última Atualização: 27/08/2024