Um escândalo envolveu o governo da Colômbia, cujo presidente, Gustavo Petro, negou usar serviços de inteligência para fins ilegais.

O magistrado Jorge Enrique Ibáñez apresentou uma denúncia ao Ministério Público porque, supostamente, organismos de inteligência do Estado interceptaram suas comunicações.

Petro negou as alegações. “Desde o primeiro dia de governo, a ordem do presidente aos organismos de inteligência é não usá-los contra a oposição, imprensa ou tribunais”, escreveu na rede social X.

Ibáñez afirma que alguns de seus magistrados auxiliares também foram interceptados e não descarta que outros colegas no Tribunal Constitucional tenham sido igualmente afetados.

O MP anunciou a abertura de uma investigação sobre as supostas “chuzadas”, como são conhecidas as escutas telefônicas na Colômbia.

Controle sobre o Tribunal

“Há vários meses, minhas comunicações, especialmente meu telefone celular, têm sido interceptadas (…) por fora dos marcos jurídicos”, escreveu Ibáñez em uma carta dirigida à procuradora-geral, Luz Adriana Camargo, e divulgada pela Semana.

Em sua defesa, Petro assegura que o Departamento Nacional de Inteligência (DNI) “não conta sequer com aparelhos de interceptação de serviços de telefonia privada”. No entanto, a Presidência anunciou uma investigação interna.

Segundo a revista Semana, um general confirmou, sob anonimato, “que tais interceptações realmente foram feitas”.

As denúncias contra o governo ocorrem justamente em um momento em que Petro insiste na ideia de convocar uma assembleia para modificar a Constituição.

A oposição alega que o primeiro presidente de esquerda da Colômbia está tentando contornar o poder dos altos tribunais.

Inspeção

Nesta segunda-feira, abriu-se um novo capítulo em outro escândalo por suposta espionagem do governo: a Procuradoria Geral Penal Militar e Policial informou em um comunicado que realizou uma inspeção judicial na Casa de Nariño, a sede do governo em Bogotá.

Os agentes buscaram “material probatório e evidência física” no âmbito de uma investigação por supostas escutas ilegais no ano passado de Marelbys Meza, babá da filha da mão direita do presidente, Laura Sarabia.

Após o roubo de uma mala com milhares de dólares da casa de Sarabia, Meza acabou interrogada com polígrafo na sede presidencial e depois foi vítima de interceptações de suas conversas telefônicas, aparentemente com a anuência do governo.

O Executivo fez uso de um relatório falso da polícia que a vinculava a narcotraficantes, revelou a Procuradoria em meados de 2023.

Sarabia, que atuava como chefe de gabinete de Petro, deixou seu cargo semanas após essas revelações, mas em fevereiro foi nomeada chefe do Departamento de Prosperidade Social, uma entidade que administra um vasto orçamento do Estado.

(com AFP)

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Última Atualização: 01/07/2024