Viatura da Denarc. Foto: Divulgação

Na última sexta-feira, a Polícia Civil de São Paulo deflagrou uma operação de grande escala, revelando o sofisticado sistema bancário utilizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas na Cracolândia. A investigação faz parte da 5.ª fase da Operação Downtown, que descobriu um complexo esquema financeiro envolvendo empresas no Brasil e no Uruguai.

A operação resultou na execução de 31 mandados de busca e apreensão, sendo 26 em São Paulo, quatro no Paraná e um no Rio Grande do Sul. Além disso, 41 contas bancárias foram bloqueadas pela Justiça. A investigação revelou que o PCC utiliza um conglomerado de empresas (incluindo um banco, casas de câmbio e outras companhias) para lavar o dinheiro do tráfico.

O delegado Luís Carlos, do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), explicou que a maioria dessas empresas são fictícias, registradas em endereços inexistentes e frequentemente com fraudes nos registros dos titulares. Em alguns casos, pessoas como moradores de rua foram usadas como “donos” de empresas sem seu conhecimento.

“Algumas dessas empresas foram constituídas em nomes de pessoas que nem sequer sabiam da existência delas. Por exemplo, houve casos onde moradores de rua foram utilizados como titulares. Muitos dessas pessoas apenas descobriram suas empresas ao serem notificadas” disse Luís Carlos. O grupo não se limita a lavar dinheiro para a Cracolândia, a rede abrange diversos setores do PCC.

Agentes da Denarc durante uma investigação. Foto: Divulgação

Santiago detalhou que o sistema bancário do PCC é desenhado para criar uma aparência de legitimidade. Os recursos financeiros são movimentados entre as empresas de forma a disfarçar sua origem ilícita, conferindo uma fachada de robustez financeira às operadoras.

“O capital é transacionado entre as próprias empresas, o que foi um dos principais sinais que chamaram nossa atenção”, afirmou o delegado.

Entre as descobertas, uma das empresas envolvidas na operação está vinculada a uma offshore associada à Mossack Fonseca, o escritório panamenho central no escândalo dos Panama Papers. Essa conexão evidencia a extensão internacional do esquema de lavagem de dinheiro.

A operação também mira uma rede de hotéis e hospedarias no centro da cidade, que serviam não apenas para acomodação, mas também como pontos de armazenamento de drogas e centros para operações fraudulentas do PCC. Essas hospedagens foram identificadas como parte de uma “rede colaborativa” destinada a conferir uma aparência de licitude às atividades da facção.

Relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) foram cruciais para rastrear o fluxo de dinheiro desde a Cracolândia até a rede de doleiros e offshores no Brasil e no Uruguai. A operação continua a investigação para desmantelar totalmente a rede financeira do PCC.

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Última Atualização: 23/08/2024