Os dados desagregados da pesquisa Datafolha, divulgados na madrugada desta sexta-feira 23, indicam que o deputado Guilherme Boulos (PSOL) é o candidato favorito daqueles eleitores paulistanos que votaram em Lula (PT) na disputa de 2º turno no pleito de 2022. O parlamentar é, de fato, o apadrinhado do petista na eleição municipal.

Os eleitores de Jair Bolsonaro (PL) naquele ano, por outro lado, ainda não seguiram a indicação de voto do ex-presidente e optam, neste momento, por Pablo Marçal (PRTB). O apadrinhado oficial do ex-capitão, porém, é Ricardo Nunes (MDB).

Veja os números:

Intenção de voto para prefeito de São Paulo – 1º turno – Voto declarado para presidente em 2022

Lula (PT)

  • Guilherme Boulos (PSOL) – 44%
  • Ricardo Nunes (MDB) – 14%
  • Datena (PSDB) – 10%
  • Tabata Amaral (PSB) – 10%
  • Pablo Marçal (PRTB) – 5%
  • Maria Helena (Novo) – 3%
  • João Pimenta (PCO) – 2%
  • Altino Prazeres (PSTU) – 1%
  • Bebeto Haddad (DC) – 1%
  • Branco/Nulo – 4%
  • Não sabe – 4%

Jair Bolsonaro (PL)

  • Pablo Marçal (PRTB) – 44%
  • Ricardo Nunes (MDB) – 30%
  • Datena (PSDB) – 8%
  • Maria Helena (Novo) – 4%
  • Guilherme Boulos (PSOL) – 3%
  • Tabata Amaral (PSB) – 2%
  • Bebeto Haddad (DC) – 1%
  • Branco/Nulo – 5%
  • Não sabe – 4%

A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 21 de agosto. A margem de erro é de 4 pontos percentuais entre quem votou em Lula e de 5 pontos entre quem votou em Bolsonaro.

Marçal é, ainda, o favorito entre aqueles eleitores que não escolheram nenhum dos dois candidatos no 2º turno de 2022. Ao todo, nessa faixa, ele soma 16%. Tabata Amaral conquista 12% desses eleitores, Nunes 11% e Datena 10%. Boulos, que aparece na dianteira do quadro geral, soma apenas 6% nessa camada do eleitorado. Maria Helena e Ricardo Senese (UP) fecham a lista com 4% e 3%, respectivamente. Brancos e nulos, por sua vez, formam a maior fatia, com 33%.

Bolsonaro X Marçal

A migração de eleitores bolsonaristas de Nunes para Marçal é, justamente, uma das explicações para o crescimento do coach na disputa. Ele saiu da quarta posição para um empate técnico na liderança desde que a campanha e os debates foram iniciados. O perfil beligerante, semelhante ao do ex-capitão, e os elogios indiretos feitos por Bolsonaro ajudam a explicar a dinâmica.

Os dados, porém, podem não mais refletirem a realidade e tendem a sofrer alterações significativas no próximo levantamento. Isso porque, poucos dias depois da coleta das entrevistas do Datafolha, Marçal e Bolsonaro entraram em rota de colisão e passaram a trocar farpas e ofensas nas redes sociais. O entorno de Bolsonaro, em especial seus filhos, também direcionaram a mira para o coach.

A avaliação de que o coach deve perder parte do apoio de eleitores bolsonaristas é feita pelo próprio grupo de conselheiros do ex-capitão. Fabio Wajngarten, ex-ministro e advogado de Bolsonaro, ao analisar os números da pesquisa, disse que, diante do rompimento público entre o candidato e o ex-presidente, eles não refletem mais o cenário real de intenções de voto.

“Qualquer resultado de pesquisa que for publicado nas próximas 72 horas não retratará a verdadeira fotografia eleitoral de SP, tendo em vista os últimos acontecimentos. Somente no próximo round de coleta de intenção de voto teremos fidedignidade e segurança nos dados”, escreveu Wajngarten em suas redes sociais. “A intenção de voto é dinâmica e cada máscara que cai influencia e faz diferença”, concluiu.

A escalada das tensões entre Bolsonaro e Marçal, importante dizer, faz parte da nova estratégia da campanha de Nunes. Impactado com a queda nas suas intenções de voto e com o avanço de Marçal sobre seus eleitores, integrantes da equipe do atual prefeito programaram uma mudança de rota e devem colocar o ex-capitão de forma mais intensa ao lado do emedebista. A ideia é vincular mais enfaticamente a imagem e o pedido de votos de Bolsonaro a Nunes para diluir as dúvidas de eleitores.

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Última Atualização: 23/08/2024