O que levou à deflagração da greve? Houve adesão de todos os sindicatos da categoria?
Há vários motivos que levaram a categoria a entrar em greve. Primeiramente, a questão econômica, com perdas significativas desde 2020, quando mais de 50 cláusulas do acordo foram retiradas e houve uma redução salarial de quase 40%. Além disso, as condições de trabalho são desafiadoras, com sobrecarga e falta de efetivo, o que afetou a saúde e a idade dos trabalhadores.
No entanto, a adesão de todos os sindicatos não foi unificada. Embora a perspectiva inicial fosse de adesão unificada, a maioria dos sindicatos é da CUT e, por isso, não aderiu à greve. No entanto, seis sindicatos da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentact, filiada à CUT) saíram em greve, desobedecendo às direções.
Quais são as principais reivindicações da categoria? Como está a situação dos trabalhadores dos Correios?
Uma das principais reivindicações é a redução das mensalidades do Plano de Saúde, que é calculada com base no salário dos trabalhadores e aumenta com cada hora extra ou função adicional. Mais de 50% dos trabalhadores não podem pagar o Plano de Saúde. Outra reivindicação é o resgate do direito a 70% de férias, que foi retirado.
Qual foi a postura adotada pelo governo na mesa de negociação?
O governo afirma que os Correios não têm dinheiro e está no vermelho, repetindo a narrativa construída ao longo dos anos. No entanto, a categoria vê que não falta dinheiro para os empresários, como o agronegócio, que receberá mais de R$ 400 bilhões em 2025.
Qual é a perspectiva do movimento grevista neste momento?
Atualmente, cinco sindicatos da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) estão em greve. A Findect manteve a greve e planeja uma nova assembleia e uma audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para pedir conciliação. No entanto, a empresa pode não aceitar a conciliação.
O governo Bolsonaro queria privatizar os Correios. O atual governo Lula defende a manutenção da empresa como estatal. Como você compara a situação entre esses dois governos?
O governo Bolsonaro tinha uma política clara de privatizar os Correios, enquanto o governo Lula retirou a empresa da lista de privatização. No entanto, o governo Lula não investiu na empresa para acabar com a terceirização e reduzir o efetivo, o que afetou a categoria.
