A atividade econômica argentina registrou uma retração de 3,9% em junho em comparação com o mesmo período do ano anterior, revelam dados oficiais divulgados na quarta-feira (21). A contração foi mais acentuada do que a prevista por analistas, que haviam estimado uma retração de 1,9%.
A expectativa mais pessimista havia previsto uma retração de 3,2%, o que demonstra a frustração das expectativas irrealistas dos agentes de mercado.
O resultado segue a tendência de alta anual de 2,3% registrada em maio, um movimento raro, considerando que o país havia apresentado seis meses consecutivos de quedas na atividade econômica.
O crescimento em maio foi impulsionado pelo setor agrícola e pecuário, que registrou um crescimento de 100% na relação anual, superando um período de secas severas no ano anterior que prejudicou as plantações.
Agora, o resultado abaixo das expectativas para a economia reflete as duras medidas de austeridade implementadas pelo presidente Javier Milei para atingir o superavit fiscal. Essas medidas afetaram o consumo e os setores-chave de construção e manufatura.
Segundo a Câmara Argentina da Média Empresa, a venda no varejo caiu 15% em julho em relação ao mesmo período do ano anterior e 17% no acumulado do ano. Salários e aposentadorias sofreram uma queda importante e milhares de demissões ocorreram. Atualmente, 41,7% dos 46,7 milhões de argentinos estão abaixo da linha da pobreza.
A construção caiu quase 24% em relação ao ano anterior em junho, enquanto a atividade industrial recuou 20% no mês.
De acordo com dados da Seguridade Social, mais de 600 mil pessoas deixaram de contribuir nos últimos seis meses, o que poderia significar uma perda de emprego ou uma transição para a informalidade laboral.