Aqui está o artigo reescrito com novas palavras, sem perder o contexto, e removendo links externos que não sejam embed de imagens ou vídeos (YouTube):
Todos os executivos da 3G parecem padecer do mesmo problema de manipulação de resultados. Agora é a vez de José Silva, presidente da Eletrobras, acusado de manipulação no IRB pela CVM.
Trata-se de um padrão desenvolvido na Americanas, na Kraft Heinz Company, nos EUA. É o modelo Jack Welch, inaugurado na compra e demolição da General Eletric.
A empresa aumenta desmedidamente os dividendos, com sacrifício da manutenção, do investimento e das pesquisas.
Por isso, é necessário colocar uma lupa na Ambev. A empresa recorre a vários artifícios de engenharia fiscal para ampliar artificialmente o lucro tributável. No entanto, os resultados operacionais são pífios, como demonstra análise dos resultados do 2º trimestre por Sérgio Torggler.
Torggler se concentra nos indicadores econômicos da empresa para avaliar o desempenho econômico e os riscos financeiros e taxas de uma empresa.
Os dois indicadores principais são o ROI, que mostra o rendimento do investimento das atividades produtivas, o Ki, indicador do custo das dívidas com credores de renda fixa, e o RSPL, indicador do rendimento obtido pelos credores de renda variável.
Aqui, um apanhado de ocorrências estranhas no balanço da Ambev.
Baixo rendimento médio dos acionistas
Resultados com derivativos
O resultado líquido com derivativos só gerou despesa em todos os 34 trimestres analisados. Seria esperado que em alguns trimestres houvesse algum ganho líquido com derivativo, mas isso não aconteceu.
(Observação minha: típica manobra para aumentar as despesas e reduzir o pagamento de impostos, ou então para desviar resultados para terceiros, em prejuízo dos acionistas).
Variação cambial
A variação cambial líquida teve um comportamento igualmente estranho. Em 34 trimestres, somente em um trimestre de 2016 foi registrado receita cambial líquida. Seria esperado alguma alternância de resultados com variação cambial, mas o comportamento foi extremamente enviesado para ocorrência de despesas.
Além disso, se a maioria dos instrumentos derivativos foi feita para proteção de variação cambial em operações comerciais (exposição do CPV), seria esperado um comportamento de receitas com derivativos inversa do comportamento com variações cambiais, mas isso não acontece.
O baixo endividamento aparente
O baixo endividamento da Ambev com credores de renda fixa denota um baixo risco financeiro, elemento atraente para os investidores. No entanto, cabe destacar que essa baixa alavancagem é aparente, pois valores significativos do passivo de funcionamento são na verdade passivos onerosos e só não foram classificados como onerosos por falta de evidenciação nas demonstrações contábeis e notas explicativas.
Receita de impostos sobre o lucro
Nas figuras acima, é observável que em 8 trimestres as alíquotas aparentes foram negativas, isto é, nestes períodos a tributação sobre o lucro gerou receitas em vez de despesas. Além disso, a dispersão dos dados das alíquotas aparentes é relativamente alta, conforme a Tabela 4, a seguir.
Os valores estremos das alíquotas têm forte efeito nos valores do ROI, do Ki e do RSPL. Algumas vezes, os valores calculados sofrem tamanha distorção que se tornam inúteis para comparação com as referências.
A alternativa adotada para amenizar este problema foi usar em todos os trimestres uma alíquota aparente única correspondente ao valor da média ponderada de todos os trimestres. Este procedimento suaviza os efeitos de alíquotas estremas sem alterar o lucro líquido acumulado de todos os trimestres.
Qualquer outra alíquota que fosse arbitrada para substituir as alíquotas aparentes das DRE para suprimir os desvios exacerbados promoveria resultados acumulados superiores ou inferiores ao acumulado na série histórica analisada pelas alíquotas aparentes de cada trimestre.
Aqui, a íntegra do relatório.