Cada vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga um novo Censo, os números revelam que a população brasileira cresce. Éramos 170 milhões no ano 2000, 190 milhões em 2010, e superamos a barreira dos 200 milhões no último Censo, divulgado no ano passado.
Haverá, então, um momento em que a população vai deixar de crescer? Para o IBGE, a resposta é sim. O ano de 2042 deverá marcar o fim do crescimento populacional. A informação consta em um estudo sobre projeções da população divulgado nesta quinta-feira 22 pelo órgão.
Segundo o IBGE, a população brasileira deverá atingir o pico 220,4 milhões em 2041, quando começará, então, a experimentar um movimento de queda. Em 2070, segundo projeções, a população deve cair abaixo dos 200 milhões (199,2 milhões).
Há vários fatores que podem contribuir para a diminuição da população, mas, em primeiro lugar, está o fato de que as pessoas têm tido menos filhos, se comparadas a gerações anteriores. Essa, aliás, é uma tendência para o futuro.
No ano 2000, por exemplo, a taxa de fecundidade no País era de 2,32 filhos por brasileira. Em 2022, segundo o IBGE, o indicador caiu para 1,58. Um critério básico para que a população de um País cresça é que a taxa de fecundidade esteja acima de 2.
Para o órgão, a década de 2040 deverá marcar o ponto mínimo da taxa: 1,44 filho por brasileira. O IBGE espera um leve crescimento nas décadas posteriores, chegando a 1,58 filho por mulher, mas nada que contribua para a reposição populacional.
Detalhes da pesquisa
O ritmo mais lento no crescimento da população não é de agora. Pelo menos desde a década de 1960, o aumento, apesar de notável, já não é mais tão vigoroso como na primeira metade do século XX.
Vários fatores contribuíram para isso, explicou Izabel Marri, gerente de Estudos e Análises Demográficas do IBGE, citando a urbanização, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade feminina, além da popularização da pílula anticoncepcional.
Para chegar às projeções divulgadas hoje, o IBGE levou em consideração elementos como número de nascimentos, mortes e migrações. A pesquisa é fruto de uma atualização da estimativa baseada no Censo Demográfico 2022 e a na Pesquisa de Pós-Enumeração (PPE).
Ao atualizar os números, o IBGE projetou que o montante real da população do País no Censo 2022 é de 210,9 milhões de pessoas. Ou seja, 3,9% acima do que foi registrado no Censo, que indicou 203 milhões de pessoas.
Para o IBGE, atualizações dessa natureza são normais e não invalidam os dados do último Censo.
Ainda em termos de projeções, o IBGE indicou que a população para 2024 será de 212,6 milhões de pessoas.
Em comparação aos anos anteriores, a população atual tem uma maior expectativa de vida. Em 2000, por exemplo, a “esperança de vida ao nascer”, segundo o IBGE, era de 71,1 anos. Agora, a expectativa é de 76,4 anos. O número é maior para mulheres (79,7 anos) do que para homens (73,1 anos).
Não por acaso, essas mudanças de dinâmica levam o Brasil a ter uma população mais envelhecida do que antes. Segundo o IBGE, a proporção de idosos na população praticamente duplicou, entre 2000 e 2023.
Pessoas com mais de 60 anos eram 8,7% de toda a população no início do milênio, mas, agora, representam 15,6%. São 33 milhões de idosos no País, atualmente.
Por onde a população vai começar a cair?
Por ser um País de extensão continental, marcado pelas mais variáveis diferenças sociais, econômicas e demográficas, o Brasil é o exemplo de como múltiplas realidades convivem em um só território.
Por conta disso, apesar da projeção de que a população geral comece a ser reduzida em menos de duas décadas, há lugares que poderão experimentar esse fenômeno um pouco antes.
É o caso de estados como Alagoas e Rio Grande do Sul. Para o IBGE, as regiões devem começar a sentir a queda populacional daqui a três anos, em 2027.
No caso de Alagoas, a iminente queda se deve a fatores locais, já que o estado tem baixa expectativa de vida, quando comparado com os demais, e enfrenta um histórico processo de êxodo.
Já no RS, a queda populacional poderá se antecipar à medida nacional em razão do fato de que o estado gaúcho tem a população mais envelhecida do Brasil.
Outros estados também devem se antecipar à inflexão do crescimento populacional. São eles: Rio de Janeiro, Maranhão, Bahia, Piauí, São Paulo, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Rondônia. Por outro lado, o Mato Grosso deve ser o único estado que poderá não experimentar uma queda na sua população até, pelo menos, 2070.