O nome de Gabriel Galípolo já é dado como certo para assumir a presidência do Banco Central. Com o fim do mandato do presidente Roberto Campos Neto, caberá ao presidente Lula determinar o próximo comandante da instituição.
A provável indicação de Galípolo, no entanto, é sinal de que a política econômica da diretoria do Banco Central irá continuar. Galípolo, afinal de contas, é o diretor de política monetária da instituição. É uma pessoa que já é parte do mecanismo responsável pela manutenção das taxas de juros mais elevadas do mundo. Tanto é assim que o próprio Galípolo já veio a público defender que a taxa de juros poderia ser elevada novamente.
A manutenção da política de Campos Neto será uma derrota retumbante para o governo Lula. Não apenas a taxa de juros nas alturas inviabiliza os planos econômicos do governo, como esse assunto foi um dos principais pontos de debate do início do terceiro mandato do líder petista. Desde o início de 2023, Lula e Campos Neto protagonizaram uma série de embates, que envolveram trocas de acusações, movimentações no Congresso Nacional e até mesmo mobilizações, ainda que tímidas, de organizações sindicais.
Ao largar a toalha e permitir que o próximo presidente do Banco Central continue a política de Campos Neto, Lula está demonstrando, para todos os seus apoiadores, a fraqueza de seu governo. Está demonstrando que é incapaz de levar adiante a sua política, mesmo em questões que considerava fundamentais.
Ao reconhecer que é incapaz de bater de frente com seus oponentes, o governo Lula está apostando em um caminho muito perigoso. O governo está se propondo a conseguir resultados no quadro profundamente limitado em que vive. Em vez de procurar aumentar a margem de ação e forçar a implementação de medidas de impacto, que sejam apoiadas pelo conjunto da população, Lula está se apresentando como um mero administrador do Estado brasileiro nos marcos da política neoliberal. Esse caminho levará inevitavelmente à derrota e ao aumento da insatisfação popular.